Em relatório, o BB Investimentos revisou o valuation do Grupo Casas Bahia (BHIA3), antiga Via, para incorporar o resultado do terceiro trimestre de 2023 e o grupamento de ações realizado em dezembro do ano passado. A casa manteve a recomendação de venda para as ações.
No texto, a analista Georgia Jorge pontua que as ações BHIA3 despencaram 81% em 2023, refletindo a piora da situação econômico-financeira do Grupo Casas Bahia ao longo do ano aliada a um processo de follow-on ‘desastroso’ que chancelou um novo patamar de preço para as ações.
Ela explica, ainda, que após a divulgação do resultado referente ao 3T23, o BB Investimentos rebaixou sua recomendação para ‘venda’, diante da apresentação de números fracos que, em conjunto com o momento delicado vivenciado pela companhia, com rebaixamento de ratings corporativos e de crédito, acendeu um alerta quanto ao elevado risco de execução de seu plano de recuperação.
“Considerando a incorporação de premissas ainda mais conservadoras de crescimento e rentabilidade em 2024 e 2025, entendemos que Grupo Casas Bahia segue em um momento desafiador, com desequilíbrio entre a relação risco-retorno, razão pela qual mantemos nossa recomendação de venda”, destacou Georgia.
O BB Investimentos tem preço-alvo de R$ 9,80 ao final de 2024 para as ações de Casas Bahia.
Casas Bahia (BHIA3): prejuízo aumenta mais de 4 vezes no 3T23 e fica em R$ 836 milhões
O Grupo Casas Bahia, antiga Via, registrou no terceiro trimestre de 2023 um prejuízo 311% maior que no mesmo período do ano passado e fechou em R$ 836 milhões. Foi o quinto trimestre consecutivo que os resultados líquidos da empresa são negativos. O último em que registrou lucro foi no segundo trimestre de 2022, de R$ 16 milhões.
Segundo estimativas da Genial Investimentos, a Casas Bahia iria reportar prejuízo de R$ 689 milhões no terceiro trimestre – mais do que o triplo do registrado no mesmo período em 2022, quando a companhia teve prejuízo de R$ 203 milhões – impactado pela forte retração de rentabilidade devido ao saldão de estoques.
O Ebitda da Casas Bahia (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado neste trimestre também foi negativo, em R$ 66 milhões, o que fez reverter o resultado positivo na comparação anual.
A receita líquida da Casas Bahia teve leve queda de 6,3% em relação ao terceiro trimestre de 2022, e fechou em R$ 6,590 bilhões.
O lucro bruto da Casas Bahia no 3T23 foi de R$ 1,5 bilhão, a margem bruta de 23% e a margem Ebitda ajustada foi negativa em 1,0%.
A companhia apresentou dívida líquida ajustada de R$ 900 milhões e patrimônio líquido de R$ 4,4 bilhões,. No 3T23, o caixa incluindo recebíveis não descontados totalizou R$ 2,8 bilhões. O indicador de alavancagem financeira, medido pelo caixa líquido/EBITDA ajustado dos últimos 12 meses ficou em 0,5 vez.
As despesas com vendas, gerais e administrativas ficaram em R$ 1,6 bilhão no trimestre, queda anual de 10,4%.
Segundo a empresa, houve muitos fatores não recorrentes no 3T23, exclusivos desse trimestre, “boa parte derivados do Plano de Transformação“. A varejista cita os seguintes:
- Plano de Transformação Saldão de Estoques: baseado no Plano de Transformação, a Companhia propôs a redução de R$ 1 bilhão em estoques mais antigos, com desconto.
- No 3T23, houve a redução de R$ 780 milhões, gerando impacto de curto prazo no lucro bruto de R$ 309 milhões. Impacto no LAIR (Lucro Antes do Imposto de Renda e Contribuição Social) também de R$ 309 milhões.
- Reestruturação: baseado no Plano de Transformação, a Companhia observou no período impacto não recorrente de curto prazo no valor de R$ 3 milhões no lucro bruto, R$ 9 milhões no SG&A e R$ 277 milhões na linha de outras receitas e despesas operacionais, vinculadas à reestruturação, como otimização do quadro de funcionários e fechamento de lojas. Impacto no LAIR foi de R$ 288 milhões.
O GMV total da Casas Bahia (volume bruto de mercadorias) em relação ao 3T22 apresentou redução de (4,1%) e ficou praticamente estável (0,4%) nos três semestres de 2023. Segundo a companhia, o GMV das lojas físicas cresceu 0,2% no 3T23 +0,2% e mostrou crescimento de 3,9% nos nove primeiros meses deste ano. Por outro lado, o GMV Online 1P apresentou redução de 16,9% no período e de 12,3% no 9M23. Já o GMV omnicanal do 3P cresceu 13,8% vs. 3T22 e 15,8% no 9M23.
Resultados da Casas Bahia
No 3T23, a receita bruta consolidada registrou redução frente ao 3T22, para R$ 7,8 bilhões, mas mantém-se praticamente estável no 9M23. “A variação é explicada tanto pela redução de (2,7%) na receita das lojas físicas, como redução de (9,7%) na receita das vendas online”, diz a Casas Bahia.
O desempenho do GMV bruto de lojas físicas de R$ 5,6 bilhões, e da receita bruta de lojas físicas
(R$ 5,0 bi e redução de 2,7%) no 3T23 “reflete a resiliência do canal mesmo diante de um cenário mais restritivo de demanda, menor disponibilidade de crédito para o consumidor, fechamento de lojas e ajuste do cartão co-branded no trimestre.” A performance no conceito mesmas lojas (GMV) foi de +0,5% no 3T23, diz a companhia.
“Ao longo do trimestre, em linha com o Plano de Transformação, encerramos 32 lojas por apresentarem performance aquém do esperado, fechando o 3T23 com 1.095 lojas. No acumulado do ano até setembro, fechamos um total de 38 lojas”, detalha a companhia do varejo.
“Em sua maioria, todos os fechamentos ocorreram em municípios onde havia sobreposição de lojas”, acrescenta.
As despesas com vendas, gerais e administrativas no 3T23 apresentaram redução anual de 10,4% e redução em relação à ROL, retorno sobre investimentos, (24,9%) de 1,3 p.p. “O resultado é explicado pela redução de 14% nas despesas de vendas, com destaque para redução de pessoal, redução nas perdas do crediário e chargeback, além de uma melhora geral na contenção de despesas no período, especialmente a racionalização das despesas de marketing. O efeito dos processos trabalhistas foi no valor de R$ 183 milhões, relata a Casas Bahia.
Desempenho das ações de Casas Bahia
Cotação BHIA3
*Com informações de Estadão Conteúdo