Carrefour (CRFB3) pode vender lojas do Big para Grupo Mateus (GMAT3), diz jornal
O Carrefour (CRFB3) está negociando a venda de lojas do Big para o Grupo Mateus (GMAT3), de acordo com apuração realizada pelo jornal Valor Econômico.
A venda dos ativos ocorre por determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
De acordo com o jornal, o grupo chileno Cencosud também analisou parte das unidades do Carrefour. No total, são 14 à venda e a operação pode custar em torno de R$ 500 milhões e R$ 600 milhões, conforme fontes ouvidas pelo Valor.
Duas das 14 unidades já estariam essencialmente vendidas: uma em Gravataí (RS), para a rede Asun Supermercados e outra em Olinda (PE), negociada com o Grupo Mateus (a antiga loja do Big Bompreço Olinda).
A apuração do jornal levantou que outros sete pontos estão sendo analisados pelo grupo, no mínimo. “Estão negociando outras sete lojas, mas ainda não chegaram a um consenso sobre valor”, diz fonte ouvida pelo Valor.
A informação é que os outros ativos do Carrefour estão sendo analisados pelo Grupo Mateus em Pernambuco, Alagoas e na Bahia. São antigas unidades do Big Bompreço e do Maxxi Atacado.
Os pontos valem entre R$ 35 milhões e R$ 45 milhões, segundo as fontes do Valor. Entretanto, seria necessário investir uma quantia adicional para uma plano de reformas das unidades. Existe ainda um custo maior para migração de lojas de hipermercado da marca do Carrefour, o Big, para loja de atacado.
O Carrefour foi procurado pela redação do jornal e informa que “por ora, não há nada a mais para acrescentar, além das informações que já foram publicadas pelo Cade”. O Grupo Mateus não se manifestou, assim como o Cencosud.
Na visão dos analistas do Itaú BBA, a notícia é neutra. “O mercado já esperava que o Carrefour vendesse as 14 lojas do BIG, de acordo com as medidas aplicadas pelo órgão antitruste. A surpreendente reviravolta é que o Grupo Mateus seria um dos compradores, já que a empresa vem mudando sua estratégia de alocação de capital para uma expansão construída sob medida”, afirmaram.
Com a surpresa, o BBA acredita que a posição de alavancagem relativamente baixa do Grupo Mateus (0,1 vez a dívida líquida/Ebitda em 2T22) permite acomodar o desembolso de caixa para a aquisição do BIG, “o que por sua vez aceleraria o ritmo de seu plano de expansão no curto prazo (nós prevemos aberturas de 37 e 35 lojas em 2022 e 2023, respectivamente)”, finalizam.
Em maio deste ano, o Cade aprovou a proposta de venda do Big pelo Carrefour, sujeito ao cumprimento de determinadas condições precedentes. A decisão estabeleceu a venda de 14 lojas, sendo 11 hipermercados ou atacarejo e 3 supermercados, que representam aproximadamente 3,6% do parque total de lojas do Big em 2021.