Carrefour (CRFB3) tem oportunidade bilionária nas mãos no setor imobiliário
O Carrefour (CRFB3) conta com uma mina de ouro nas mãos: seus terrenos. Por meio do braço de negócios imobiliários, o grupo varejista francês estuda 50 projetos de complexos multiusos a serem desenvolvidos nos próximos anos, o que pode gerar um valor de firma entre R$ 11 bilhões a R$ 17 bilhões para a companhia.
“O Carrefour Property tem um landbank (banco de terrenos) muito grande, mas isso não aparece no preço da ação do grupo. Ele só terá valor a partir do momento em que os projetos forem desenvolvidos”, destacou Liliane Dutra, presidente da subsidiária do grupo voltada para o setor imobiliário.
Na última quinta (1º), o grupo reinaugurou sua primeira loja no Brasil, localizada na Marginal Pinheiros, em São Paulo. A nova unidade foi erguida ao lado da original, que será demolida para dar lugar a um conjunto de prédios residenciais e comerciais avaliado em R$ 3 bilhões e que se estenderá pela antiga área de estacionamento.
Essa é a estratégia para os próximos anos da companhia varejista: reconfigurar os terrenos onde estão as lojas e, em vez de hipermercados horizontais, utilizar essas áreas para a construção de residências, salas comerciais, hotéis e minishoppings.
A primeira fase do complexo Alto das Nações, inaugurado nesta semana, conta com um hipermercado e uma galeria de lojas. “Além de sermos o maior grupo de varejo da América do Sul e o maior empregador privado do país, mostramos nossa força também na área imobiliária, com um projeto inovador, rentabilizando e valorizando os ativos da companhia”, celebrou Stephane Maquaire, CEO do Grupo no Brasil.
O projeto terá um edifício residencial com apartamentos para aluguel (da JFL), um prédio corporativo (da Altre, do grupo Votorantim) e um residencial com apartamentos de alto padrão (da Eztec), além de parque público e teatro. O Carrefour ficou com 30% do negócio. A WTorre tocará as obras, que devem ser concluídas até 2025.
Imóveis do Carrefour
O Carrefour é um dos maiores proprietários de imóveis do país. Após a aquisição da rival Big (ex-Walmart), o grupo chegou a 518 unidades. Esse estoque de ativos tem um valor contábil de R$ 21 bilhões.
O desenvolvimento dos projetos de uso misto será acelerado após o grupo anunciar, neste mês, a intenção de transferir os ativos para a subsidiária imobiliária encarregada de fazer a gestão das edificações e desenvolver novos empreendimentos.
Uma vez segregado, o portfólio de imóveis da varejista representaria um resultado operacional líquido de R$ 1,5 bilhão. Pelos cálculos do Goldman Sachs, isso geraria um valor de firma de R$ 11 bilhões a R$ 17 bilhões, ou cerca 40% do valor de mercado do grupo todo no Brasil.
O Carrefour Property pretende desenvolver uma parte dos projetos por conta própria e outra parte em parcerias com permutas – neste caso, o Carrefour entra com o terreno e a futura sócia se encarrega das obras.
Na visão da diretora de Pesquisa e Inteligência de Mercado da consultoria Newmark, Mariana Hanania, o Carrefour Property deve despontar como uma das maiores empresas de propriedades comerciais do País. A estratégia é semelhante ao que fizeram Bradesco e Santander com os imóveis que abrigavam agências.
“Mas é preciso estudar a viabilidade mercadológica e a capacidade de absorção de todos os potenciais usos dos futuros projetos”, disse Mariana.
As ações do Carrefour fecharam o pregão de quinta (1º) em queda de 5,45%, sendo comercializadas a R$ 15,10, segundo levantamento do Status Invest.
Com Estadão Conteúdo