Os resultados do Carrefour Brasil (CRFB3) no segundo trimestre (2T23) foram fracos, apresentando tendências de baixa rentabilidade no BIG, diz o Itaú BBA. Apesar disso, o banco avalia que os dados superaram as estimativas, com um ganho de margem bruta de 80 pontos-base em relação ao ano anterior no negócio de Cash & Carry (vendas para atacado). Hoje (26), as ações do Carrefour estiveram dispararam e lideraram altas do Ibovespa.
“A expansão da margem bruta foi o lado positivo. As vendas nas mesmas lojas do Carrefour (SSS) chegaram a – 4,3%, um pouco melhor do que esperávamos. A margem bruta (incluindo BIG) aumentou 80 bps (pontos-base) em comparação anual, para 14,9%, em melhores negociações com fornecedores após a integração do Grupo BIG”, afirmam os analistas.
Outros pontos destacados pelos analistas, os custos de integração do Grupo BIG e o ramp-up da expansão impactaram negativamente as despesas operacionais do Carrefour (SG&A), que aumentaram em 180 pontos-base na base anual.
Com isso, a margem Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustada sofreu uma contração de 90 pontos-base frente ao ano anterior, chegando a 5,7%. No entanto, apesar dessa contração, a margem ainda ficou 80 pontos-base melhor do que o previsto.
Diante desse cenário, o Itaú BBA tem recomendação neutra para Carrefour Brasil, com preço-alvo em R$ 11,40. Nesta quarta (26), as ações subiram 9,42%, cotadas em R$ 12,43.
Carrefour: rentabilidade fraca no varejo, mas acima do esperado, dizem analistas
Segundo a equipe do Itaú BBA, o varejo do Carrefour Brasil apresentou rentabilidade fraca, embora tenha superado as expectativas. “A receita líquida ficou em linha com nossa projeção, em R$ 6,7 bilhões. Apesar das duras comparações, a operação de varejo registrou uma expansão de margem bruta de 50 pb em relação ao ano anterior, para 24,4%.”
Houve também um aumento de despesas, relacionadas à conversão de 28 lojas BIG em Atacadão durante o trimestre, que compensou o ganho na margem bruta e impactou negativamente a margem Ebitda.
Setor bancário do Carrefour apresenta resultados fracos
O Itaú BBA afirma que o setor bancário do Carrefour Brasil registrou resultados fracos no 2T23, devido a despesas elevadas relacionadas a encargos de risco e uma deterioração nos NPLs (empréstimos em atraso).
Além disso, as despesas associadas à migração do portfólio Hypercard e aos esforços de aquisição de clientes nas antigas lojas do Grupo BIG impactaram negativamente o Ebitda ajustado, que teve uma queda de 28% em relação ao ano anterior.
“Note-se que tanto a inadimplência tardia quanto a antecipada apresentaram aumento sequencial de 0,5 pp para 13,7% e 0,3 pp para 17%, respectivamente”, diz o BBA.
Ritmo acelerado de conversões impactou no Ebitda, avalia o Itaú BBA
Um ritmo mais acelerado de conversões, segundo o BBA, que foram concluídas em junho, levou o Ebitda do BIG para o território negativo em R$ 177 milhões. “Olhando para frente, esperamos que o mercado monitore a produtividade de vendas e a lucratividade das lojas convertidas ao longo do tempo.”
Para Sam’s, um desempenho de ativação de membros no período levou a um crescimento SSS positivo de 4,2% no trimestre.
O Itaú BBA projeta que caso as tendências positivas persistirem, como melhorar a dinâmica de geração de caixa (alívio de caixa de R$ 2,5 bilhões no trimestre), maturação gradual das lojas convertidas, o CRFB poderá ter um melhor impulso operacional.
Carrefour analisa fechar lojas em pacote de venda de ativos imobiliários
O Carrefour Brasil está analisando o fechamento de lojas como consequência de um pacote de venda de ativos imobiliários, informou o diretor financeiro da companhia, Eric Alencar, na teleconferência de resultados do segundo trimestre.
De acordo com Alencar, o movimento é considerado “natural” do varejo, sem que haja necessariamente associação com os esforços da operação do grupo francês para reduzir seu nível de endividamento.
Para ele, o Carrefour Property, unidade de negócios que atua na gestão do portfólio imobiliário do Grupo, é um “projeto grande”, se referindo a centenas de ativos, sem especificá-los.
Ainda na teleconferência, o diretor-financeiro não quis comentar rumores de mercado de que o Carrefour estaria em negociações de venda de lojas com o Grupo Mateus (GMAT3), que possui forte presença no Nordeste.
A varejista se mostrou cautelosa sobre o comportamento dos consumidores no segundo semestre, apesar de esperar o início de um ciclo de corte das taxas de juros. “Não teremos uma queda abrupta dos juros. Não vai mudar a situação dos brasileiros na hora de pagar suas contas no fim do mês”, disse o diretor-presidente do Carrefour, Stéphane Maquaire.
Com Estadão Conteúdo
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