Ações do Carrefour (CRFB3) disparam +9% após mercado divulgar prejuízo de R$ 565 milhões no 4T23
Em sentido contrário ao resultado reportado, as ações do Grupo Carrefour (CRFB3) chegaram a valorizar mais de 9% nesta terça-feira (20). A alta dos papeis vem seguida do balanço do quarto trimestre de 2023 da varejista, que entregou um prejuízo milionário.
Na segunda-feira (19), após o fechamento do mercado, o resultado trimestral do Carrefour foi divulgado. O documento indicava que o grupo reverteu o lucro de R$ 426 milhões registrado no mesmo período do ano anterior (4T22) para um prejuízo líquido consolidado de R$ 565 milhões no 4T23.
Apesar do resultado não parecer dos melhores, as ações do CRFB3 nesta manhã sobem, com papeis negociados a R$ 11,57 (+6,73%) por volta das 11h30 (em Brasília).
Goldman Sachs recomenda compra de CRFB3 e BTG mantém “neutro”
Apesar dos resultados à primeira vista negativos do prejuízo do Carrefour, analistas do Goldman Sachs e do BTG Pactual se mostraram otimistas com o futuro da companhia.
Segundo os analistas do BTG, os resultados permanecem “poluídos, em meio a um cenário ainda desafiador”. Apesar da queda em volumes de vendas afetados também pelo fechamento de unidades e a inflação dos alimentos, Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, que assinam o relatório, defendem que o balanço fraco é resultado de eventos raros.
Para os analistas, vale prestar atenção em como o Grupo está reajustando suas lojas, com o encerramento de 123 lojas, ao passo que também está convertendo mais de 40 hipermercados em unidades do Atacadão e Sam’s Club.
Acredita-se que o quarto trimestre historicamente apresenta resultados mais fracos, enquanro que as expectativas para os próximos meses é mais positiva, com a otimização do portfólio de lojas e reajustes na inflação de alimentos. Entretanto, o BTG mantém-se a recomendação de neutro para os papeis de CRFB3, com preço-alvo a R$ 13,00, com upside de 19,9%.
Em tom mais otimista, Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini do Goldman Sachs acreditam que os resultados estavam amplamente dentro do esperado, considerando os cenário da companhia.
Além disso, os analistas demonstraram surpresa com a margem de EBITDA Ajustado, que foi 60 bps acima do consenso do GS e BBG.
“Nós reconhecemos que a performance de vendas do Atacadão continuaram a ser um foco dos investidores, assim como o crescimento das lojas convertidas, especialmente as de formato maior, que parecem estar em um ritmo mais lento”, afirmam os analistas do Goldman Sachs em relatório após o resultado.
A recomendação do GS é de “compra” para os papeis do Carrefour, com o preço-alvo em R$ 14,00 e upside de 29,2%.
Mais resultados do Grupo Carrefour no 4T23
Em termos ajustados (desconsiderando outras receitas e despesas e o correspondente efeito financeiro e tributário), o lucro líquido do Carrefour foi de R$ 520 milhões, 5,4% menor que no mesmo período de 2022.
O resultado do Carrefour no 4T23 foi influenciado pelos custos, impactos contábeis e despesas que vieram do fechamento das lojas físicas. Além disso, o mercado já anunciou que via fechar as portas de 123 lojas consideradas “não rentáveis”, dentre hipermercados, lojas Todo Dia, Nacional e Bom Preço.
- As vendas líquidas do Carrefour somaram R$ 28,1 bilhões no 4T23, (-0,3% em relação à igual etapa de 2022);
- Em 2023, a receita líquida do Carrefour totalizou R$ 103,9 bilhões (+6,7% sobre o montante de 2022);
- As vendas líquidas recuaram 5,5% no segmento de lojas de varejo, enquanto no Atacadão essas vendas tiveram baixa anual de 1,8%, comparando-se com o 4T22;
- O Ebtida ajustado totalizou R$ 1,88 bilhão no quarto trimestre de 2023;
- O Ebtida do Carrefour apresentou uma queda de 5% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A margem Ebitda ajustada recuou 0,3 p.p., chegando a 6,7%;
- O Ebitda também acumulou R$ 5,7 bilhões no ano de 2023, enquanto a margem Ebitda desse período foi de 5,5%, com baixa anual de 1,3 ponto percentual.
O lucro bruto do Carrefour foi de R$ 1,6 bilhão no último trimestre de 2023, de modo que a margem bruta foi de 23%. Em relação ao 4T22, a margem bruta recuou 3,6 pontos percentuais, diante de uma atividade promocional maior, da “markdown” de estoque em Lojas fechadas para conversão e também após o encerramento da parceria com o Hipercard.