Nos últimos dias, frigoríficos brasileiros suspenderam o fornecimento de carne bovina e, potencialmente, de carne de frango e suína, para o Carrefour Brasil (CRFB3). A seguir, confira os motivos e os impactos desse movimento.
A suspensão da venda de carne é uma resposta à decisão da matriz francesa do Carrefour de deixar de vender carne originada de países do Mercosul, em um movimento relacionado à resistência do setor agrícola francês ao acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.
Apesar de o Carrefour Brasil afirmar que não há desabastecimento em suas lojas, relatórios da mídia indicam interrupções significativas no fornecimento de carne bovina e potencial para estoques zerados em breve. Também foram reportados atrasos e suspensões no fornecimento de carne de frango e suína.
Os frigoríficos envolvidos incluem JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3), sendo que a carne da marca Friboi, da JBS, representa 80% do fornecimento de carne bovina no Carrefour e 100% no Atacadão, que correspondeu a 75% da receita de varejo do grupo no terceiro trimestre de 2024.
Os alimentos representam 88% das vendas consolidadas da empresa. Estimativas baseadas nos pesos do IPCA sugerem que carne bovina corresponde a 12% das vendas totais, enquanto frango e suínos representam 6% e 2%, respectivamente.
Contudo, o impacto real pode ser menor, dado o papel relevante de açougues independentes no Brasil e o fato de que o Atacadão, principal operação do grupo, possui menor foco em açougues. Assim, a relevância da carne bovina no Carrefour Brasil é estimada em um dígito alto, enquanto carnes em geral podem representar de um dígito alto a dois dígitos baixos.
Assumindo que 6%-12% das vendas do Carrefour são impactadas e mantendo margens brutas e despesas gerais e administrativas constantes, os impactos estimados, de acordo com o Goldman Sachs, são:
Interrupção no fornecimento de carne bovina (6%-12% das vendas):
- Vendas: Redução de -0,07% a -0,13% por dia.
- EBITDA: Redução de -0,19% a -0,39% por dia.
- Lucro líquido: Redução de -0,54% a -1,09% por dia.
Cenário mais conservador (baseado nos pesos do IPCA):
- Carne bovina (12% das vendas): Redução de -0,1% nas vendas, -0,4% no EBITDA e -1,1% no lucro líquido por dia.
- Todas as carnes (20% das vendas): Redução de -0,2% nas vendas, -0,6% no EBITDA e -1,8% no lucro líquido por dia.
Além disso, o Goldman Sachs afirma que a falta de carnes pode reduzir o tráfego de clientes, impactando negativamente as vendas de outras categorias.
Apesar disso, a casa tem recomendação de compra para as ações do Carrefour (CRFB3), com preço-alvo de R$ 12,50.
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