Carlos Langoni, ex-presidente do BC, morre de Covid-19
Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central (BC), morreu aos 76 anos, no Rio de Janeiro, na manhã deste domingo (13). Ele estava internado desde novembro de 2020 após ser diagnosticado com Covid-19.
PhD pela Universidade de Chicago, Carlos Langoni liderou a autoridade monetária brasileira entre 1980 e 1983. Ele também foi representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI) e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Origens de Carlos Langoni
Carlos Geraldo Langoni era fluminense de Nova Friburgo, na Região Serrana, onde nasceu em 24 de julho de 1944. Estudou com bolsa no Colégio Nova Friburgo, projeto da FGV. Nos anos 1960, ingressou na Faculdade Nacional de Economia, no câmpus da Praia Vermelha, do que hoje é a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ali se formou em 1966.
No ano seguinte, Langoni cursou programação e planejamento econômico no Centro de Treinamento para o Desenvolvimento Econômico Social (Cendec) do Ministério do Planejamento. A orientação do curso era liberal. Um acordo com Fundação Ford para que alguns alunos do Cedec pudessem estudar na Universidade de Chicago ajudou.
Foi assim que Langoni conseguiu uma bolsa para se doutorar em economia nos Estados Unidos. Foi o primeiro brasileiro a obter o título instituição estadunidense, à qual é ligada Milton Friedman, economista e vencedor do prêmio Nobel.
De volta ao Brasil, Langoni foi convidado para trabalhar no Fipe/USP, onde estava quando respondeu às críticas de McNamarra. Lá estruturou o programa de pós-graduação e a Revista de Estudos Econômicos.
Em 1979, Langoni foi chamado pelo então presidente do BC, Ernane Galvêas, para assumir a Diretoria da Área Bancária da instituição. Criou o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), que assegurava a liquidação virtual de transações com títulos públicos. Eram papéis virtuais, pela primeira vez no Brasil. Assim surgiu a taxa Selic.
Quando Galvêas foi nomeado ministro da Fazenda, em janeiro de 1980, Langoni o substituiu na presidência do BC. Aos 35 anos, foi o mais jovem ocupante do cargo da história. Como presidente do Banco Central, tornou-se membro do Conselho Monetário Nacional e do Conselho Nacional de Comércio Exterior (Concex). Também foi representante do Brasil, como governador suplente, no FMI. Deixou o cargo, por divergências, em 5 de setembro de 1983.
Fora do BC, voltou à FGV do Rio, onde criou o Centro de Economia Mundial (CEM/FGV), para debater a abertura da economia brasileira e a globalização. Também foi CEO do NM Rothschild no Brasil entre 1989 e 1997. Manteve o cargo como diretor do CEM até voltar a flertar com o governo, ainda na transição entre os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Langoni foi professor de Paulo Guedes e fazia parte do grupo apelidado pelo próprio ministro de “Chicago oldies”. É num jogo de palavras com os “Chicago boys“, como ficou conhecido o time de jovens economistas liberais egressos da Universidade de Chicago que trabalhou nas reformas da política econômica do Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet, berço das políticas neoliberais. Mais de uma vez, em eventos públicos no Rio, Langoni disse que preferia a alcunha de “Chicago grandfather”.
Menos envolvido na elaboração do programa coordenado por Guedes desde a virada de 2017 para 2018, Langoni resistiu a aceitar um cargo no governo. Em 2019, ganhou status de assessor informal. Marcava presença constante em reuniões na sede do Ministério da Economia no Rio, onde, antes da pandemia, o ministro despachava toda sexta-feira.
Deu as primeiras ideias para reformar o setor de gás. No fim de 2019, foi indicado por Guedes como assessor para o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as economias mais desenvolvidas. Até adoecer, Carlos Langoni acumulava a função com o cargo de diretor do CEM da FGV.
Com informações do Estadão Conteúdo.