O ex-presidente da aliança entre Renault e Nissan, Carlos Ghosn, entrou com uma ação contra a montadora francesa para reivindicar o pagamento de sua aposentadoria. A informação foi divulgada pelo ex-executivo, nesta segunda-feira (13), durante uma entrevista em Beirute, no Líbano.
Carlos Ghosn foi forçado a renunciar do cargo de CEO da Renault após ser preso no Japão, em novembro de 2018. No entanto, o ex-executivo alegou ao Tribunal do Trabalho de Boulogne Bilancourt, na França, que não renunciou formalmente da liderança da empresa.
“Minha demissão da Renault? É uma farsa”, disse Ghosn em entrevista ao jornal francês “Le Figaro”.
Segundo Ghosn, após sua prisão, a empresa francesa nomeou um diretor geral para substituí-lo. Para que a substituição fosse possível, o ex-executivo assinou uma carta onde dizia: “Quero me aposentar das minhas funções para permitir que a empresa restaure sua governança”. Dessa forma, segundo ele, a Renault interpretou a frase como uma renúncia formal.
O ex-presidente da aliança entre Renault/Nissan salientou ainda que, na carta enviada à montadora, informou que estava deixando seus deveres, entretanto, que não iria abrir mão de seus direitos.
Com isso, o ex-executivo espera receber cerca de 770 mil euros (R$ 3,5 milhões) por ano somente por seus direitos a pensão. Ghosn reivindica ainda uma compensação de aposentadoria de cerca de 250 mil euros.
Fuga de Carlos Ghosn do Japão
No dia 31 de dezembro, Carlos Ghosn, que estava em prisão domiciliar em Tóquio, fugiu para o Líbano. “Agora estou no Líbano. Não sou mais refém de um sistema judicial japonês parcial, onde prevalece a presunção de culpa”, afirmou o executivo na ocasião.
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O executivo foi alvo de quatro acusações por crimes financeiros no Japão. No país, o magnata vivia sob prisão domiciliar desde abril de 2019.
Na última quarta-feira (8), Ghosn discursou pela primeira vez desde a fuga. O ex-presidente da montadora francesa salientou que nunca deveria ter sido preso.
“As alegações são falsas e eu nunca deveria ter sido preso. Estou aqui para limpar meu nome”, afirmou o ex-executivo da Nissan. Carlos Ghosn disse ainda que “os princípios dos direitos humanos foram violados” com sua prisão. Isso porque, segundo ele, a justiça japonesa segurou os seus documentos de defesa.