Justiça japonesa prorroga prisão de Carlos Ghosn com novas acusações
A justiça japonesa prorrogou a prisão do ex-presidente da Nissan, Carlos Ghosn por 48 horas.
Nesta sexta-feira (21) Carlos Ghosn foi alvo de uma terceira ordem de prisão por “quebra de confiança agravada”. Uma decisão judicial que reduz as possibilidades de liberdade do ex executivo da Nissan.
O ex-presidente da aliança de montadoras Renault–Nissan–Mitsubishi Motors foi detido no dia 19 de novembro. Agentes da polícia o prenderam no aeroporto Haneda de Tóquio sob a acusação foi fraude fiscal. O executivo está preso desde então em uma prisão no norte de Tóquio.
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O sistema judicial japonês acabou sofrendo críticas por causa de sua prolongada detenção provisória.
Isso porque Ghosn deveria ser solto nas próximas horas com o pagamento de fiança. Um tribunal de Tóquio tinha rejeitado, na última quinta-feira (21), um pedido da Promotoria para prorrogar a detenção provisória.
Mas a defesa do executivo não contava com a insistência da Promotoria, que estaria furiosa com o pedido negado na véspera.
Assim a os promotores nipônicos voltaram a pedir sua detenção e conseguiram mais 48 horas para interrogar o executivo sobre novas suspeitas. Desta vez as acusações são de abuso de confiança. O período de detenção pode ser ulteriormente prorrogado.
Carlos Ghosn é suspeito de ter “falhado em sua função de presidente e de ter provocado um prejuízo a Nissan”.
A Promotoria o acusa de ter “impunidade nas contas da empresa por perdas de investimentos pessoais”. Ghosn nega todas as acusações.
A prorrogação da detenção visa obter informações sobre as novas suspeitas contra o executivo franco-brasileiro de origem libanesa.
Acusações de declarações falsas
O executivo de 64 anos foi acusado de ter omitido em suas declarações de renda às autoridades da Bolsa quase 5 bilhões de ienes (44 milhões de dólares) durante cinco anos, entre 2010 e 2015. Seu braço direito, Greg Kelly, também foi acusado de ter ajudado a ocultar valores.
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Ghosn também é suspeito de ter repetido a fraude, entre 2015 e 2018, totalizando 4 bilhões de ienes (35 milhões de dólares). Esse ponto havia provocado uma primeira prorrogação do período de detenção.
Além das acusações de não ter declarado sua renda real, a Nissan afirma que seu ex-presidente utilizou ilicitamente residências de luxo espalhadas em vários países do mundo pagas pela empresa.
A Nissan também é investigada como pessoa jurídica. A Promotoria suspeita da responsabilidade da empresa, que forneceu os relatórios falsos às autoridades da Bolsa.
A detenção de Ghosn, que foi destituído da presidência da Nissan poucos dias depois de ser presi, resultou de uma investigação interna da empresa.
O executivo também foi destituído da presidência da Mitsubishi Motors. Entretanto, a Renault decidiu mantê-lo em seu cargo. Uma situação que gerou uma crise na aliança entre as montadoras, criada em 1999.
A aliança Renault-Nissan nasceu em 1999 e em 2016, costurada pelo próprio Carlos Ghosn. Com a entrada da Mitsubishi Motors, se tornou o maior grupo mundial do setor automobilístico.