O ex-presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, Carlos Ghosn, saiu da prisão em Tóquio, nesta quarta-feira (6). O brasileiro pagou fiança de 1 bilhão de ienes, equivalente a cerca de R$ 33,8 milhões. Por volta das 16h32 (4h32 pelo horário de Brasília), o executivo deixou a Casa de Detenção do bairro de Kozuge.
Carlos Ghosn estava preso desde 19 de novembro, devido às acusações de fraude fiscal e uso de verba da Nissan para cobrir os próprios prejuízos.
O brasileiro ficará em liberdade enquanto aguarda o julgamento, que prossegue no Japão.
O tribunal japonês estabeleceu condições para a liberdade do executivo, dentre as quais:
- proibição de deixar do Japão;
- e vigilância por câmeras na residência de Ghosn.
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Acusações contra Carlos Ghosn
Detido em Tóquio desde 19 de novembro, Ghosn é acusado de fraude e de uso indevido de recursos do grupo Renault-Nissan.
O executivo de 64 anos foi acusado de ter omitido em suas declarações de renda às autoridades da Bolsa de Valores nipônica. Ele teria escondido quase R$ 167 milhões entre 2010 e 2015.
Seu braço direito, Greg Kelly, também foi acusado de ter ajudado a ocultar valores.
Ghosn também é suspeito de ter repetido a fraude, entre 2015 e 2018, totalizando 4 bilhões de ienes (cerca de US$ 35 milhões). Esse ponto havia provocado uma primeira prorrogação do período de detenção.
Além das acusações de não ter declarado sua renda real, a Nissan afirma que seu ex-presidente utilizou ilicitamente residências de luxo espalhadas em vários países do mundo pagas pela empresa.
Ghosn teria até organizado uma viagem no Rio de Janeiro durante o Carnaval paga pelas empresas. O executivo e sua esposa convidaram oito casais de amigos para passar a festa na capital fluminense em 2018. No total, a viagem custou US$ 260 mil (cerca de R$ 977,6 mil) e teria sido paga pelo grupo Renault-Nissan.
A Nissan também é investigada como pessoa jurídica. A Promotoria suspeita da responsabilidade da empresa, que forneceu os relatórios falsos às autoridades da Bolsa de Valores.
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Repercussão da prisão de Carlos Ghosn
A detenção de Ghosn, que foi destituído da presidência da Nissan poucos dias depois de ser preso, resultou de uma investigação interna da empresa. O executivo também foi destituído da presidência da Mitsubishi Motors.
O executivo era considerado uma “estrela” no mundo do setor automotivo mundial. Principalmente por sua capacidade de restruturar empresas em crise e cortar custos. Ele salvou a Nissan, que no inicio dos anos 2000 estava prestes a falir. Ghosn chegou a ganhar um status de herói no Japão, tanto que sua trajetória foi ilustrada em mangás, as histórias em quadrinhos japonesas.
A prisão de Ghosn provocou uma crise na aliança entre a Nissan e a Renault. A aliança industrial entre as duas montadoras foi criada em 1999, costurada pelo próprio Carlos Ghosn. Com a entrada da Mitsubishi Motors, se tornou o maior grupo mundial do setor automobilístico.
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Dois pedidos de liberdade negados
Antes de estabelecer a liberdade sob fiança para libertar Carlos Ghosn, o Tribunal de Tóquio rejeitou outros dois pedidos de liberdade feitos pela defesa do executivo.
Após determinada a soltura do ex-presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, promotores japoneses tentaram impedir a saída brasileiro da prisão. Contudo, a Justiça negou a apelação dos promotores.
A expectativa, inclusive, era de que Carlos Ghosn permanecesse preso até o julgamento. Afinal, a fiança raramente é concedida pela Justiça japonesa sem a confissão do réu.
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