Carlos Ghosn diz que ficará no Japão caso seja libertado

O ex-presidente da Nissan, Carlos Ghosn, prometeu continuar no Japão e com uma pulseira eletrônica, caso seja libertado.

“Uma vez que o tribunal deve considerar meu pedido de liberdade sob fiança, quero ressaltar que irei residir no Japão e que vou respeitar todas as condições exigidas pelo tribunal”, afirmou Carlos Ghosn.

A família de Ghosn encontrou um apartamento no Japão, onde o ex-presidente da Nissan poderia esperar o processo com uma pulseira eletrônica (paga por ele).

Entretanto, de acordo com o ministro da Justiça do Japão, esse sistema não existe no país.

Ghosn ressalta sua inocência em relação às acusações de quebra de confiança e outras práticas ilegais e salientou a vontade de se defender. “Não sou culpado das acusações contra mim e estou muito interessado em defender minha reputação no tribunal”.

O tribunal de Tóquio deve examinar o pedido de Ghosn nesta segunda-feira (21). No entanto, os outros pedidos realizados pelo ex-presidente da Nissan, foram rejeitados por conta do risco de fuga e de adulteração de provas.

Desta vez, Ghosn se compromete a participar de todo o processo. De acordo com ele, está “ansioso para finalmente ter a oportunidade de me defender”.

De acordo com a declaração dos representantes da marca nos EUA, o empresário, que está preso há 64 dias, perderá sua posição de presidente da Renault.

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Ghosn e o tribunal japonês

O empresário fez uma única aparição pública, desde sua prisão em 19 de novembro. No entanto, em 8 de janeiro, Ghosn disse ao tribunal de Tóquio que “sempre agiu com integridade”.

A família de Ghosn encontrou um apartamento, após a Nissan romper o contrato de sua casa luxuosa, que custava US$ 12 mil por mês. Além disso, foi oferecido ao Japão que o empresário ficasse nesse apartamento até o final do processo com uma pulseira eletrônica.

O executivo ainda prometeu que não entraria em contato com pessoas ligadas ao caso e que seriam entregues os seus três passaportes: francês, libanês e brasileiro.

De acordo com o porta-voz do empresário, Devon Spurgeon, seriam contratados guardas de segurança (aprovados pelo governo) para monitorar todos as movimentações.

As acusações

Confira abaixo as acusações que o executivo encara:

Sonegação de renda: Ghosn é investigado por subestimar a sua renda entre 2010 e 2018.

Transferência de prejuízos pessoais para a Nissan: durante a crise global de 2008, o ex-presidente transferiu parte da dívida de investimentos pessoais para a Nissan.

Conforme Ghosn, a multinacional estaria consciente da movimentação.

Uso pessoal de imóveis comprados pela Nissan: uma investigação interna da fabricante de carros revelou que uma subsidiária montada na Holanda, que supostamente financiava investimentos de capital de risco, foi utilizada para comprar ou alugar imóveis corporativos, nos quais o executivo se hospedava quando viajava.

Dos quatro imóveis identificados em quatro países diferentes, um fica no Rio de Janeiro.

Último recurso

O último recurso apresentado pela defesa do executivo, foi negado pelo Tribunal Distrital de Tóquio, na última quinta-feira (17).

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Desta forma, o empresário deverá ficar preso até março. Isso, porque existe uma lei no Japão que caso um pedido de liberdade sob fiança seja rejeitado, o acusado deve ficar preso por pelo menos dois meses depois da decisão.

No entanto, para Carlos Ghosn, o prazo vai até 10 de março.

Renan Bandeira

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