CargOn traz tecnologia à logística e prevê crescimento de 2.400%

Segundo especialistas, existem oportunidades de inovação em todas as áreas da economia. Startups têm chegado ao mercado trazendo comodidade, eficiência e redução de preços. “Filha da pandemia”, a logtech CargOn não é diferente, e a projeção de crescimento sustenta a tese.

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Fundada em 6 de março de 2020, junto à chegada da pandemia do novo coronavírus ao Brasil, a CargOn é uma empresa de logística com tecnologia aplicada, atuante no setor de cargas pesadas.

No acumulado de 2020, a empresa teve um faturamento de R$ 394 mil. De lá para cá, a receita tem crescido em duplos dígitos a cada mês. De maio para junho, o avanço foi de 42%.

A previsão é de chegar no fim do ano com um faturamento acumulado de R$ 10 milhões, alta de 2.438% frente ao reportado no primeiro ano de vida da empresa.

“Entendemos que o Brasil não precisa de mais uma transportadora tradicional, ele precisa de alguém que pense o setor de forma diferente”, comenta Denny Mews, CEO da CargOn, ao Suno Notícias. “Temos nossa cabeça voltada à carga e aos benefícios ao redor dela. Procuramos sanar a dor do mercado.”

A logtech curitibana já possui 50 mil motoristas de caminhões cadastrados na plataforma. Nesses 15 meses em atividade, a empresa já registrou R$ 700 milhões em produtos entregues por meio do frete. Foram 200 mil cargas.

Diferente do e-commerce

Por mais que Mews diga que a CargOn é filha da pandemia, pois foi criada junto à ascensão da crise sanitária no País, ele faz questão de ressaltar que a empresa opera em um segmento diferente do e-commerce.

O comércio eletrônico teve forte crescimento no ano passado, mas a startup atua sobre o transporte de cargas pesadas, como pacotes de 50 toneladas, para entregas em grandes espaços. Diferente do e-commerce, os motoristas que trabalham com a CargOn não fazem diversas paradas.

“Se pensarmos em outras vertentes, como o próprio e-commerce ou atividades voltadas ao delivery no geral, já existia alguma sofisticação com a tecnologia. Empresas como a Loggi ou até Rappi e iFood confirmam isso”, comenta o executivo. “Na logística ‘tradicional’, onde atuamos, era diferente.”

O fundador da empresa disse que a pandemia mostrou a importância da digitalização do segmento, facilitando e assegurando os processos.

“Hoje, conosco tudo é feito por meio da tecnologia. Até pouco tempo atrás, para um motorista profissional tradicional, era inconcebível.”

A validação do cadastro no aplicativo é realizada por meio de inteligência artificial (IA), com reconhecimento facial e análise dos documentos. Além disso, o motorista quase não precisa descer do caminhão para pegar informações ou descarregar a carga, pois os processos são automatizados.

“Trouxemos para o setor de ‘carga lotação’ uma tecnologia comum no Uber, com mais segurança e praticidade.”

A CargOn, inclusive, se tornou um case global da Microsoft (MSFT34) ao utilizar a tecnologia da big tech.

“De forma geral, o processo de inteligência artificial é simples. Esse, também, é um dos nossos diferenciais: aplicar as tecnologias disponíveis no mercado de forma simples e acessível”, diz Mews. “Várias empresas já utilizam, apenas adotamos de forma bem rápida.”

Parceria com BB Seguridade

Recentemente, a CargOn fechou uma parceria com a BB Seguridade (BBSE3), sendo a primeira transportadora do País a oferecer seguro de vida aos motoristas.

O seguro é fechado com base no tempo de trabalho, ou seja, o motorista ficará seguro por todo o tempo de transporte. “Se ele ficar 4 dias em viagem, terá um seguro de vida por, no mínimo, 4 dias. Isso não existia no Brasil.”

“A gente quer, além de pensar nas cargas, trazer benefícios para toda a cadeia, e esse é um deles.”

CargOn se utiliza da expertise logística

O fundador da empresa é formado em tecnologia, mas desde 2002 atuou em empresas ligadas à logística. Seu histórico profissional foi construído sobre empresas que operam com carga fechada e, na visão dele, isso é um diferencial.

“O nosso diferencial frente aos concorrentes, que normalmente vem da área de tecnologia, é que temos pessoas que sempre pensaram em logística”, diz.

“Sabemos atacar essa área muito bem. Acredito que alinhando nosso propósito com nossa experiência de mercado, podemos oferecer um serviço diferenciado.” Hoje, a empresa possui 40 colaboradores.

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Na visão da empresa, depois de amplos estudos e um sólido background, a oportunidade de criar uma logtech e partir para a inovação do segmento era uma resposta óbvia.

“Alinhando nosso propósito com nossa experiência de mercado, realmente podemos oferecer um serviço diferenciado.”

As principais concorrentes da CargOn são CargoX e Trizy, empresa ligada à Cosan (CSAN3).

Mercado de capitais no radar após rodadas de investimento

Desde sua criação, a CargOn já recebeu três rodadas de investimento, perfazendo um post-money valuation avaliado em R$ 17,5 milhões.

O aporte mais recente, neste ano, foi de R$ 2,5 milhões. Os outros dois, de investidores anjo, não têm os valores abertos ao público.

Todos os recursos recebidos até hoje são separados entre desenvolvimento tecnológico, com a maior parte, marketing, operações e comercial. Uma rodada de investimento Série A está sendo preparada para dezembro.

“Assim como em toda e qualquer startup em seu início de vida, o nosso foco é no crescimento. Então todo investimento que recebemos é alocado para aumentarmos a nossa operação”, diz Mews. Com um modelo asset light, a CargOn tem se preocupado em ter uma tecnologia eficiente e trazer para perto pessoas competentes.

Hoje, a empresa já é uma Sociedade Anônima. Ou seja, é repartida em ações com investidores, mesmo que de forma privada.

A empresa escolheu esse modelo para que pudesse dar início às operações de forma robusta, pois, na visão dos executivos, é um setor de winner takes all. Em português, “quem chega primeiro bebe água limpa”.

A empresa não descarta em pouco tempo abordar o mercado de capitais, seja com a emissão de dívida ou emissão de ações em alguma Bolsa de Valores. Até lá, a CargOn terá de lidar com o seu maior risco, que é a falta de fluxo de caixa, nas palavras do CEO.

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Jader Lazarini

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