A Caoa assinou o acordo de compra da fábrica da Ford de São Bernardo do Campo. A montadora e revendedora brasileira assumirá as operações da fabricante norte-americana que está deixando a planta na grande São Paulo.
Na fábrica de São Bernardo a Caoa manterá apenas a produção de caminhões, descontinuando a linha de hatch Fiesta. A intenção do grupo do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade é produzir veículos pesados sob licença da Ford.
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Esse tipo de operação já é levada adiante na planta do grupo Caoa em Goiás, na cidade de Anápolis. Naquela fábrica são produzidos Hyundai Tucson e ix35, além de Tiggo 5X e Tiggo 7.
No final de fevereiro a Caoa tinha admitido estar negociando para a compra da fábrica da Ford. Em nota divulgada na época, a empresa tinha salientado manter “uma forte parceria” com a Ford há quatro décadas. As negociações teriam sido levadas adiante junto com a montadora norte-americana e o governo do estado de São Paulo.
Para tentar salvar a fábrica de São Bernardo, o Executivo paulista criou um pacote com medidas de incentivos fiscais para montadoras. Entre os benesses, o governo ofereceu desconto de até 25% no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). No entanto, o incentivo será disponibilizado para as montadoras que investirem mais de R$ 1 bilhão e criarem pelo menos 400 oportunidades de empregos.
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A Caoa produz veículos da marca sul-coreana Hyundai e da chinesa Chery, nas plantas de Anápolis e de Jacareí, no interior de São Paulo.
Oficialmente, nenhuma das duas montadoras confirmam a assinatura do acordo.
Caoa em expansão
A Caoa é a maior revendedora da Ford no Brasil. O grupo brasileiro começou a investir de forma intensa no País há alguns anos. Em 2017 chegou a comprar parte das operações brasileiras da Chery, transformando-a na marca que mais cresceu no Brasil em 2018.
Entenda o caso
No dia 19 de fevereiro a Ford anunciou o fechamento de sua fábrica em São Bernardo do Campo.
A montadora norte-americana informou que vai sair do mercado de caminhões. De acordo com a Ford, essa medida é uma dos passos para “o retorno a lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul”.
O fechamento da planta na Grande São Paulo deverá ocorrer ao longo de 2019. Hoje a fábrica de São Bernardo produz caminhões e o modelo Fiesta. Segundo a Ford, o custo dessa operação será de cerca US$ 460 milhões, entre indenizações trabalhistas, de concessionárias e de fornecedores, além da depreciação de ativos.
Consequências do fechamento
O fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo pode afetar 24 mil trabalhadores. Um número quase dez vezes maior do que as 2,8 mil demissões anunciadas pela montadora norte-americana.
O cálculo foi realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
De acordo com o Dieese, distribuidores e fornecedores da planta de São Bernardo acabarão falindo nos próximos meses. Isso por causa da impossibilidade de substituir a demanda de produtos e serviços da Ford. Esse efeito cascata, segundo o Dieese, é ainda difícil de mesurar com precisão.
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Entretanto, a montadora norte-americana já deixou claro que não remanejará praticamente nenhum funcionário.
Isso porque unidades da Ford em Taubaté (SP) e Camaçari (BA) já têm seu orgânico completo. Além disso, a nova fábrica na Bahia seria distante demais para realizar um reajuste de funcionários paulistas.