Enquanto a inflação em 12 meses até setembro chegou as 10,25%, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a argumentar que os preços de energia estão subindo cada vez mais no mundo todo. “E o Brasil está no topo. A inflação brasileira está muito alta, mas há países próximos de Brasil. As expectativas de inflação subiram bastante para 2021, e podem piorar por reajuste de gasolina”, admitiu, em participação em evento virtual organizado pelo Itaú BBA.
O presidente do BC voltou a reclamar que a curva de juros brasileira tem sido afetada por “todo tipo de ruído”, além da própria expectativa de inflação. Mais uma vez, Campos Neto afirmou que há uma onda de ajustes da taxa de juros por diversos países, com o Brasil sendo um dos primeiros a iniciar o ciclo de alta na Selic, desde março deste ano.
Para se ter uma base, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial, de setembro subiu 1,16%, ante a taxa de 0,87% registrada em agosto. Trata-se da maior variação para um mês de setembro desde 1994, quando o índice foi de 1,53%. A informação foi divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No ano, o IPCA acumula alta de 6,90% e, nos últimos 12 meses, de 10,25%, acima dos 9,68% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2020, a variação mensal havia sido de 0,64%.
Campos Neto avalia que deslocamento de bens tende ser persistente
O presidente do Banco Central avaliou também que o deslocamento da demanda de serviços para bens observado durante a pandemia tende a ser persistente, mesmo após a reabertura do setor na maioria dos países. “A maioria das economias estão reabertas e a esperada passagem da alta de preços de bens para serviços não tem sido observada. Temos vários programas emergenciais expirando agora em vários países e precisamos ver qual será o impacto disso. Talvez haja algo mais estrutural e permanente nessa mudança de consumo de serviços por bens.”
Repetindo a mesma apresentação feita em ocasiões anteriores, Campos Neto mais uma vez citou a chamada “inflação verde” nas cadeias de produção de metais e componentes usados na transição para uma economia mais sustentável.
(Com informações do Estadão Conteúdo)