Campos Neto: levar a inflação de 2022 para meta é “perfeitamente possível”

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou nesta sexta (15) a meta da autoridade monetária de 2022 para a inflação: É perfeitamente possível fazer o trabalho, a menos que outros choques aconteçam, com esse ritmo que estamos mantendo”. “Entendemos que é importante ancorar as expectativas“. disse, reforçando que o BC fará o que for preciso para cumprir a meta.

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Campos Neto repetiu ainda que o Brasil tem um dos maiores aumentos de preços de energia atualmente, mas que isso se deve tanto a problemas domésticos quanto  externos. Ele lembrou que, no Brasil, o preço da gasolina também é influenciado pelo etanol e pelos custos de transportes. O presidente do BC também destacou que os preços de energia estão crescendo “mais e mais” nos países desenvolvidos.

Quanto aos serviços, Campos Neto disse que os preços estão subindo na margem e continuam em níveis baixos.

Ritmo de ajuste

Após uma sequência de declarações de diretores do BC nos últimos dias de que “não há compromisso” com o passo de alta de juros (atualmente em 1 ponto porcentual), Campos Neto disse que “a melhor maneira de agir é manter o ritmo de ajuste”.

Segundo Campos Neto, os modelos do BC indicam que o nível final da taxa Selic é mais importante do que o ritmo de ajuste para alcançar o objetivo de levar inflação para a meta. Além disso, em um momento de muitas incertezas, o passo atual dá mais tempo para analisar o cenário, conforme ele. “O tempo para decifrar informações é muito valioso.”

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Em relação às perspectivas futuras de inflação, o presidente do BC observou que a reprecificação dos serviços represados durante a crise não é linear e que é difícil avaliar quanto da alta desses preços está relacionada a esse repasse atrasado e quanto é indexação. Campos Neto também afirmou que a desaceleração econômica na Ásia provoca a acomodação dos preços de algumas commodities, mas ponderou que, por outro lado, há aumento da energia no mundo.

Campos Neto afirmou que o pico da inflação em 12 meses deve ser setembro (10,25%) e depois tende a convergir.

Segundo o presidente do BC, o IPCA de setembro foi melhor do que esperado, mas ele destacou que o BC não se prende a dados de alta frequência e que olha mais a tendência e os dados qualitativos.

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Ele também voltou a ressaltar que os indicadores de confiança estão caindo e que a confiança dos consumidores está abaixo do indicador relacionado a empresas. O presidente do BC participa de evento online organizado pelo Goldman Sachs.

Debatemos mudanças estruturais na demanda, diz Campos Neto

Roberto Campos Neto, afirmou que, nas reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) esta semana em Washington, foram discutidas as mudanças estruturais na demanda com a pandemia de covid-19, com o aumento de consumo de bens em substituição aos serviços e qual é a persistência desse fenômeno.

“Há esse entendimento agora de que estamos vivendo um deslocamento da demanda. Não há um problema na oferta, apenas em alguns produtos. A questão é quanto tempo esse deslocamento temporário de demanda irá durar. Achamos que vai durar mais o deslocamento da demanda. E deve ter implicações para Brasil e o que faremos em termos de política monetária“, analisou.

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Campos Neto também disse que pouco se falou no FMI sobre as consequências do aumento do endividamento dos países provocado pela covid-19.

“Poucas pessoas no FMI falaram sobre o endividamento. Não falaram sobre as consequências disso. Com as baixas taxas de juros e a longa duração, o nível de endividamento dos países merece mais atenção”, disse Campos Neto.

(Com informações da Agência Estado)

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Bruno Galvão

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