Meta de inflação é descumprida e Campos Neto vai ter de se explicar a Haddad
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai ter de enviar uma carta aberta ao ministro da Economia, Fernando Haddad, explicando o porquê da inflação de 2022 ter ficado acima da meta do Bacen.
Este será o segundo ano seguido em que Campos Neto tem de enviar a carta, que no ano passado foi endereçada a Paulo Guedes. Toda vez que a inflação termina o ano fora do intervalo determinado, seja acima ou abaixo dele, o presidente do BC precisa justificar o ocorrido em carta aberta.
A inflação em 2022 ficou em 5,79%, acima do limite superior da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Como o centro da meta era de 3,5% e a banda de tolerância era de 1,5 ponto percentual (p.p.), a alta dos preços deveria ficar entre 2% e 5% no ano passado.
No ano anterior, Campos Neto previu inflação alta, mas afirmou na carta a Guedes que ela não ultrapassaria os 5%. Na ocasião, o presidente do BC escrevou que a inflação em 2021 foi em grande parte “importante”, fruto da desorganização das cadeias produtivas globais fruto causada pela pandemia de Covid-19. Ele também citou a bandeira de escassez hídrica e a escalada dos preços do petróleo como fatores que pressionaram para cima a inflação.
Em dezembro, a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,62%, compondo a alta anual de 5,79%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o maior impacto no acumulado do ano ficou com o grupo Alimentação e bebidas, que subiu 11,64% em 2022 e foi responsável por 2,41 p.p. do índice. Na sequência vem o grupo Saúde e cuidados pessoais (alta de 11,43% e impacto de 1,42 p.p.).
Em 2023, a meta para a inflação estabelecida pelo CMN é de 3,25%, também com intervalo de tolerância de 1,5 p.p.