O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, avaliou nesta quinta-feira (20) que a taxa estrutural de crescimento da economia brasileira será a necessária para a correção da trajetória fiscal brasileira.
Ele afirmou que o mercado tem projetado um crescimento estrutural menor, apesar de reformas aprovadas nos últimos anos.
“No curto e mesmo no médio prazo, o Brasil não tem mostrado capacidade de crescimento sustentável, e isso impacta as previsões para o fiscal. Com juros maiores e crescimento menor, a trajetória da dívida tende a ir para outro nível. O debate passa por qual taxa de crescimento o Brasil pode ou deveria ter, e as reformas necessárias para se obter isso”, disse Campos Neto, em participação na Conferência Anual Latino-Americana do Santander.
“A agenda de inovação é contínua”, diz Campos Neto
O presidente do BC também afirmou que a instituição vai atualizar a agenda de inovação, com foco nos próximos anos e em mais funcionalidades que podem ser integradas ao Pix. De acordo com ele, o BC estuda como essas inovações podem ser integradas com a moeda digital em estudo pela instituição.
“A agenda de inovação é contínua, pensando nas novas gerações e no que a intermediação financeira pode ser no futuro”, afirmou Campos Neto, citando inclusive o metaverso. “Finalmente aprovamos novo marco cambial, vamos trabalhar agora na regulação”, disse. “E buscamos com Ministério do Meio Ambiente para anunciar novidades em agenda de sustentabilidade. Temas como taxonomia e mercado de carbono são importantes”, completou.
Demanda de serviços
Outro ponto que ele tocou foi que o deslocamento da demanda de serviços para bens continua a ser percebida na economia brasileira, com pressões no consumo de energia, o que torna a inflação mais persistente. “Nos Estados Unidos, diferença entre demanda de bens e serviços têm caído, mas ainda está muito distante dos níveis pré-pandemia”, disse.
Campos Neto alertou que a transição para uma economia verde e mais sustentável já leva em consideração os efeito em preços na exploração de matérias-primas necessárias. Além disso, ele repetiu que os investimentos na ampliação da produção de energia limpa não têm conseguido acompanhar a demanda.
Durante o evento, o presidente do Banco Central ressaltou que mesmo com a nova onda de contaminações de covid-19 com a variante Ômicron, o numero de hospitalizações não tem crescido tanto. O próprio chefe da autoridade monetária testou positivo para o vírus no começo deste ano.
“É claro que ainda temos um problema, com pessoas não vacinadas sendo internadas. Mas em termos de mobilidade, não há um grande impacto. Há questão na China, mas estamos navegando melhor com Ômicron, com pequeno efeito em cadeias”, afirmou o presidente do BC.
Campos Neto admitiu que o crescimento brasileiro tem ficado estagnado nos últimos meses, ficando atrás de outros países emergentes. “Há um desafio para crescimento na América Latina no pós-pandemia”, acrescentou.
(Com informações do Estadão Conteúdo)