Intervenção no diesel foi premeditada, segundo áudio para caminhoneiros
Na última sexta-feira (19), uma mensagem de áudio do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para uma pessoa da classe dos caminhoneiros, foi divulgada pela revista “Veja”. A mensagem teria sido enviada em 27 de março, segundo informou o destinatário, Marconi França, à “Folha de S. Paulo”.
“Estamos trabalhando, o presidente está focado, tem várias coisas bacanas que estamos trabalhando aí para a categoria, para dar condição a que o caminhoneiro autônomo tenha o seu direito respeitado, seja valorizado. Estamos trabalhando muito. Já demos uma trava na Petrobras. Qualquer modificação de preço, no mínimo entre 15 e 30 dias de variação, não pode ter menos que isso”, disse Onyx Lorenzoni a um dos representantes dos caminhoneiros.
Em 26 de março, a Petrobras havia enviado comunicado ao mercado informando uma mudança na periodicidade de reajuste no preço do óleo diesel vendido para as refinarias. A partir da mesma data, a petroleira também disse que mudanças de preço da commodity ocorreriam com mínimo de 15 dias desde o reajuste anterior.
No áudio, a posição de ação para conter o desconforto da classe do presidente Jair Bolsonaro, a fim de evitar uma nova greve dos caminhoneiros, também é citada pelo ministro.
“O presidente entrou nisso [reivindicações da classe], tu vai ver que já muitas coisas vão começar a acontecer já nesta semana. O presidente amanhã deve se manifestar pelas redes sociais em direção à categoria dos caminhoneiros, particularmente aos autônomos”, assegurou Onyx Lorenzoni.
Fim do governo Temer e o preço do diesel
Depois do fim da gestão do ex-presidente da República, Michel Temer, a Petrobras havia voltado a reajustar os combustíveis em intervalos sem frequência mínima. Assim, os reajustes dos preços ocorriam de acordo com:
- a volatilidade dos preços do barril de petróleo no mercado internacional;
- e as variações da cotação do dólar no mercado brasileiro.
O governo Temer encerrou em 2018, juntamente com o programa de subsídios lançado posteriormente a greve dos caminhoneiros.
Saiba mais -Nova greve dos caminhoneiros deve ocorrer no dia 29 de abril
Intervenção de Bolsonaro para conter greve dos caminhoneiros
A empresa estatal chegou a anunciar na quinta-feira (11) que haveria reajuste no valor do óleo diesel. Entretanto, o governo Bolsonaro realizou uma intervenção para anular o aumento. Assim, a Petrobras recuou no mesmo dia e cancelou o reajuste.
Depois da intervenção do Executivo na decisão da Petrobras, o preço do combustível nas refinarias permaneceu o mesmo desde 22 de março, em R$2,1432.
A notícia não agradou ao mercado financeiro. Em sua campanha eleitoral, o então candidato à presidência levantou insistentemente a bandeira do Estado mínimo. E já contava com o auxílio do economista liberal, Paulo Guedes, atual ministro da Economia, para aplicar tal política econômica no Brasil.
Petrobras sobe preço do diesel em menos de uma semana após intervenção
Na última quarta-feira (17), a Petrobras anunciou uma alta de R$ 0,10 por litro no preço do óleo diesel. Desta forma, o valor em vigência, R$ 2,1432, passou para R$ 2,2470 nas refinarias do Brasil.
O anúncio foi feito pelo presidente da petroleira, Roberto Castello Branco, em uma coletiva de Imprensa.
Tal aumento equivale a 4,84% (R$ 0,01920) no preço anterior do diesel. O percentual está abaixo dos 5,7%, de reajuste previstos antes da intervenção de Bolsonaro.
Ações da Petrobras fecham em alta no último pregão pré Páscoa
Na última quinta-feira (18), último pregão antes do feriado de Páscoa, as ações da Petrobras encerraram conforme na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão):
- ações ON (ordinárias/PETR3): alta de 1,92% a R$ 30,76.
- ações PN (preferenciais/PETR4): alta de 3,18% a R$ 27,60.
Confira abaixo o fechamento dos papeis na sexta-feira (12), após o mercado tomar conhecimento da intervenção de Bolsonaro:
- ações ON (PETR3): queda de 8,54% a R$ 29,13.
- ações PN (PETR4): queda de 7,75% a R$ 25,83.
Bolsonaro lança medidas para conter greve dos caminhoneiros
Passada a reunião entre caminhoneiros e o governo Bolsonaro, que ocorreu na terça-feira (16), a gestão brasileira lançou medidas para apaziguar a relação com a classe:
- O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abriu uma linha de crédito para caminhoneiros autônomos. O valor máximo é de R$ 30 mil, e o programa é voltado para manutenção dos caminhões.
- Investimento de R$ 2 bilhões em rodovias.
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