Em meio à crise causada pelo rombo contábil de R$ 20 bilhões, a Americanas (AMER3) não pagou os juros remuneratórios referentes à 17º emissão de debêntures. Por causa dessa inadimplência, a varejista teve de prestar contas com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta terça (17).
Os juros venceram ontem (16) e, em comunicado ao mercado, a companhia argumentou que o pagamento dos juros desta debênture não foi feito porque essa dívida está suspensa graças à proteção judicial que a empresa conseguiu na semana passada.
João Guerra, substituto de Sérgio Rial no comando da varejista e atual diretor de Relações com Investidores, ressaltou no informe que uma das medidas da decisão judicial é a suspensão liminar da “exigibilidade de todas as obrigações relativas aos instrumentos financeiros e as instituições relacionadas e todas a entidades de seus grupos econômicos”.
Nessa decisão, a Justiça do Rio de Janeiro protegeu a varejista por 30 dias contra o vencimento antecipado das dívidas. Assim, o alto escalão da Americanas deve utilizar esse prazo para pedir recuperação judicial ou realizar um acordo com os credores.
Essas debêntures da Americanas estão relacionadas a uma dívida de R$ 2 bilhões.
Americanas: novidades sobre o escândalo contábil
De acordo com informações publicadas pelo site Brazil Journal, a nova CFO da Americanas será Camille Faria, que atua nesta mesma função na TIM (TIMS3). Procurado pelo Suno Notícias, a varejista não confirmou essa contratação.
Sergio Rial, ex-CEO da Americanas, abriu o jogo sobre sua saída da companhia, argumentou que “jamais transigiria” a sua biografia com o caso e que, ao descobrir o rombo, levantou as informações e as divulgou “com transparência e fidedignidade”.
Quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades. Eu jamais transigiria com a minha biografia.
Além disso, os bancos recusaram ações da varejista como forma de pagamento das dívidas, e o BTG Pactual (BPAC11) e o Bank of America (BofA) acionaram seus times jurídicos e levaram esse caso à Justiça.
Na segunda (16), a varejista contratou o banco Rothschild & Co para assumir a renegociação das dívidas bilionárias no Brasil e no exterior.
“A Americanas passa a ter a Rothschild & Co no Brasil e internacionalmente, representando a empresa na construção de um diálogo franco e aberto, preservando o peso que a empresa tem, tanto com sua função social, como na participação da economia do país”, destacou a empresa em nota enviada à reportagem.
De acordo com os dados do Status Invest, as ações da Americanas fecharam o pregão de segunda em queda de 38,41%, ao preço de R$ 1,94. Neste mês, os papéis já se desvalorizaram 78,52%.