A nova diretoria da Caixa Econômica Federal (CEF) está desenvolvendo uma série de medidas para estimular o microcrédito brasileiro. O anúncio oficial deve ser feito até o fim de fevereiro.
A meta da Caixa Econômica Federal é emprestar R$ 30 bilhões em dez anos. Atualmente, o microcrédito do País soma por volta de R$ 4,9 bilhões.
A informação sobre os projetos do banco público foi divulgada nesta quarta-feira (16) pelo jornal “O Globo”.
Segundo técnicos da equipe econômica o plano é criar uma nova empresa em sociedade com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). A nova companhia poderia realizar uma abertura de capital (IPO).
A instituição financeira focará suas ações para atrair os indivíduos que ainda não tem uma conta em banco. Assim, os técnicos calculam que cerca de 30 milhões de pessoas entrem no sistema bancário.
Considerando o empréstimo médio nesse tipo de operação, R$ 1 mil, a CEF calcula que passados dez anos, o total financiado estará entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões.
Caso os cálculos concretizem-se, a nova empresa dominará um mercado quase sem concorrência nos dias de hoje.
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O microcrédito é um financiamento considerado caro no setor bancário. Além de demandar acompanhamento, o retorno é baixo. A CEF tem apenas R$ 80 milhões em contratos ativos de microcrédito.
“Chamava a atenção a relativa ausência da Caixa nesse segmento, uma vez que passa por ele a razão de ser de um banco público. Sobretudo quando outra instituição do governo, o Banco do Nordeste, já era tão atuante”, opinou Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV.
Para alavancar a ascensão da nova companhia, a estratégia é repetir o que o BNB faz no Nordeste:
- empréstimos com aval solidário para famílias de menor renda;
- e empreendimentos populares (grupo de pessoas que se conhecem toma o empréstimo conjuntamente. Se em um mês um contribuinte não puder arcar com a dívida, outros integrantes do grupo podem responsabilizam-se pelo pagamento. A taxa de inadimplência para esse empréstimo é inferior a 2%).
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Microempreendedores x consumo
Gonzalez, da FGV, chama a atenção para as consequências que o microcrédito pode ter, se não tiver foco definido.
A CEF deverá optar por concentrar-se no microcrédito a microempreendedores, ou ao consumo.
Assim, a concentração de liberação para consumo pode elevar a taxa de inadimplência.
“Microcrédito não é crédito micro. Ele precisa ter impacto positivo na vida do tomador e exige tecnologia inovadora de análise de risco, concessão de crédito, impacto e cobrança”, argumentou o coordenador.
O BNB ser líder isolado nesse tipo de crédito, sua operação engloba os estados AL, BA, CE, ES, MA, MG, PB, PE, PI, RN e SE.
Todavia, outros estados do Nordeste possuem potencial de rápido crescimento, se a operação for feita de modo integrado com a Caixa. Um exemplo é a Bahia, estado com grande número de agências do banco estatal.
“Há muita demanda para o microcrédito produtivo. Estima-se que haja cerca de 20 milhões de microempreendedores no Brasil, sendo que metade deve ser elegível”, disse Gonzalez.
Segundo fontes do governo, existem órgãos internacionais que já demonstram interesse em realizar parceria com a nova empresa. Conversas com o Banco Mundial e com o Banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ocorreram.
A Caixa Econômica Federal ainda avalia outros parceiros.
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