O novo presidente da Petrobras (PETR4), Caio Paes de Andrade, o quarto indicado pelo governo Bolsonaro em menos de quatro anos, tomou posse do cargo nesta terça-feira (28), sem a tradicional cerimônia de posse. O executivo foi aprovado na segunda (27), pelo Conselho de Administração da estatal para conselheiro e presidente da companhia.
Formado em comunicação social e sem nenhuma experiência no setor de óleo e gás, Paes destoa pela segunda vez dos presidentes anteriores da empresa.
Além de dispensar o habitual discurso de posse, o ex-secretário de Desburocratização do Ministério da Economia também recusou convite do Comitê de Elegibilidade (Celeg) para uma entrevista formal antes da nomeação, onde poderia expor seus planos para a empresa.
Segundo a Petrobras, “Caio tomou posse no Rio de Janeiro, sede da companhia, em agenda interna”.
O mandato como conselheiro segue até a realização da próxima Assembleia Geral de Acionistas (ainda sem data agendada) e o de presidente até o dia 13 de abril de 2023.
Paes de Andrade foi nomeado por Bolsonaro para segurar os preços dos combustíveis, como já afirmou o presidente da República em algumas ocasiões.
A defasagem de preços do mercado interno em relação ao internacional, porém, continua.
No fechamento da segunda-feira, a gasolina no Brasil tinha preços 11% menores do que no exterior e o diesel era comercializado com uma defasagem de 8%, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Petrobras: associação de petroleiros questiona nomeação na CVM
A Associação Nacional dos Petroleiros Minoritários da Petrobras (Anapetro) entrou com representação ontem (27) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedindo investigação quanto à legalidade da nomeação de Caio Paes de Andrade como presidente da companhia.
Na avalição do presidente da Anapetro, Mário Dalzot, o novo presidente não tem experiência nem a formação necessária para dirigir a Petrobras. Em entrevista à Agência Brasil, Dalzot disse que “alguém sem a qualificação necessária e sem a experiência necessária, fica mais passível de influências por parte do governou, coisa que a gente não precisa para a Petrobras hoje”.
Na representação, os minoritários apontam “eventuais atos lesivos ao patrimônio da empresa Petrobras e aos interesses de seus acionistas.”
Para os petroleiros, “o Sr. Caio de Andrade não pode tomar posse como presidente da Petrobras, por não possuir requisitos legais para tal e, consequentemente, apresentar risco à companhia e a seus acionistas minoritários”.
Dalzot mencionou também que não foram cumpridos alguns prazos para a nomeação de Andrade, o que também está incluído no processo administrativo que servirá de base para o processo judicial que a Anapetro pretende dar entrada ainda nesta terça-feira.
Em nota, a CVM confirmou o recebimento da representação sobre o novo CEO da Petrobras, mas afirmou que não comenta casos específicos.
Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil