O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta terça-feira (26) a compra de 11% da Ticket pelo Itaú, sem aplicar restrições. O julgamento acirrado incluiu dois votos contrários contra três a favor da negociação.
O presidente do Cade, Alexandre Barreto, foi responsável pelo voto de desempate que permitiu a compra.
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“O conselho tem preocupação com a verticalização do sistema financeiro, mas apesar dos receios, me pergunto qual seria o remédio que poderíamos aplicar no caso. A reprovação da operação seria uma intervenção drástica do Estado com base nas informações que temos”, disse o presidente.
Concorrência no setor
Conforme o conselheiro relator, João Paulo de Resende, a negociação prejudicaria a concorrência no setor. Portanto, deveria ser reprovada. Segundo ele, a compra afetaria de forma negativa os meios de pagamentos alternativos.
“O Itaú Unibanco é o maior conglomerado privado do Brasil e detém posição dominante em vários mercados. A lógica das operações no setor financeiro no mercado de pagamentos é impedir que novos concorrentes tenham condição de disputar de forma justa”, afirmou Resende.
A conselheira Paula Azevedo apresentou pontos convergentes aos de Resende. Assim, também votou de forma contrária a negociação.
Por outro lado, a conselheira Polyanna Vilanova afirmou que a Ticket continuará com participação inferior a 30% no mercado, mesmo após a negociação. Por isso, não ameaçaria a concorrência do setor.
Ticket Serviços
A Ticket Serviços é uma empresa do grupo Edenred. O grupo frânces é líder mundial do setor de serviços pré-pagos destinados a empresas.
No Brasil, a empresa é parceira do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). Entre os produtos distribuidos pela companhia estão o Ticket Restaurante, o Ticket Alimentação, o Ticket Cultura e o Ticket Transporte.
Reabertura do caso
Em março, a compra da fatia de 11% da Ticket pelo Itaú foi aprovada pela Superintendência-Geral do conselho. No entanto, os casos ainda podem sofrer reavaliação no tribunal do conselho após serem aprovados.
Após a União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs) contestar a negociação, o Cade decidiu reabrir o caso.