Cade aprova compra da Embraer pela Boeing sem restrições

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, nesta segunda-feira (27), a compra da Embraer (EMBR3) pela Boeing. Para a autarquia as empresas não concorrem nos mesmos mercados e que não há risco de problemas concorrenciais decorrentes da aquisição.

O Cade decidiu pela aprovação da operação sem quaisquer restrições. O órgão de defesa da concorrência analisou aspectos estritamente concorrenciais.

O Cade analisou duas transações que formarão a operação. Na primeira, a Boeing comprará 80% do capital do setor de aviação comercial da Embraer. O segmento engloba a produção de aeronaves regionais e comerciais de grande porte.

A segunda operação cria uma joint venture entre as duas produtoras de aeronaves para a produção o avião de transporte militar multimissão KC-390. A nova empresa terá uma participação no capital de 51% da Boeing e 49% da Embraer.

Análise da compra da Embraer

Na análise da Operação Comercial, o Cade se baseou no segmento de aeronaves comerciais com capacidade entre 100 e 150 assentos. A autarquia concluiu que a operação não deve impactar negativamente os níveis de concorrência existentes neste mercado, mesmo se as condições de entrada no setor não serão favoráveis.

Saiba mais: Boeing e Embraer: UE suspende análise do acordo de fusão entre as empresas

Segundo o órgão de defesa da concorrência, a ampliação do portfólio da Boeing deve aumentar a capacidade da empresa norte-americana de exercer pressão competitiva contra a concorrente europeia Airbus, que atualmente domina o mercado.

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No âmbito da Operação de Defesa, o Cade analisou o mercado mundial de aeronaves tripuladas de transporte militar. Setor onde se insere o Embraer KC-390 e as aeronaves da Boeing C-40 Clipper e KC-46 A Pegasus. Segundo o órgão, não existe possibilidade de exercício de poder de mercado, pois a operação não representa a união dos portfólios de aeronaves de transporte militar das empresas, mas apenas a participação em um projeto comum.

Segundo o Cade, a operação resultará em benefícios para a Embraer, que passará a ser um parceiro estratégico da Boeing. Com isso, a divisão que permanece na Embraer – aviação executiva e de defesa – contará com maior cooperação tecnológica e comercial da Boeing. Além disso, os investimentos mais pesados da divisão comercial, que possui forte concorrência com a Airbus, ficarão a cargo da Boeing.

Fusão ainda em análise no resto do mundo

O acordo entre as duas companhias já foi aprovado por órgãos reguladores dos Estados Unidos e da China. No entanto, a Comissão Europeia suspendeu, no mês passado, a análise do acordo com a justificativa que as empresas não deram informações suficientes.

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Mesmo com os impasses na Europa, a Embraer prevê que a negociação seja concluída até o final de março de 2020.

Carlo Cauti

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