Burger King: 3G Capital poderá ter maior fatia após follow-on
O 3G Capital, fundo de investimento dos bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles, poderá se tornar o maior investidor da Burger King Brasil (BKBR3) após o follow-on (oferta subsequente de ações).
Nesta terça-feira (12) foi anunciada a saída parcial dos investidores Vinci Partners, Sommerville Investments e Montjuic, além de outros acionistas pessoas físicas, do capital do Burger King Brasil. Com isso, o maior investidor se tornará a Burger King Corporation. A empresa norte-americana é indiretamente controlada pela brasileira 3G Capital através da Restaurant Brands International (RBI).
Os acionistas, que estão vendendo, possuem atualmente 34,2% do capital do Burger King Brasil. Após a venda, eles terão 16,2%, considerando o lote adicional de ações.
Atualmente, a Burger King Corporation possui cerca de 10% do Burger King Brasil. Com essa porcentagem de papéis, a Burger King Corporation é a terceira principal controladora da Burger King Brasil.
A RBI não participará desta oferta secundária de ações. Os acionistas decidiram manter suas posições na rede. A estratégia do grupo é aumentar sua exposição em mercados como Europa e América Latina.
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Entenda o caso
Três dos maiores acionistas do Burger King Brasil vão realizar uma oferta secundária de ações. Segundo um comunicado da própria empresa, a operação pode movimentar cerca de R$ 794 milhões.
Após a divulgação da nota, as ações do Burger King Brasil registraram forte queda na última terça-feira (12). Os papéis da rede de fast-food recuaram 5,08%, avaliados em R$ 22,59.
De acordo com o comunicado, serão vendidos um total de 33.373.621 papéis que pertenciam à:
- Vinci Capital Partners;
- Sommerville Investments;
- Montjuic Fundo de Investimento.
Juntas as empresas possuem 34% do capital da companhia.
Considerando o valor das ações na última segunda-feira (11), véspera do anúncio, de R$ 23,80, a operação poderia ter um valor de R$ 794,3 milhões. Entretanto, dependendo da intensidade da demanda, pode ser ofertado um lote adicional de 20%, ou 6.674.724 ações. Além disso, mais 15% das ações (5.006.043 papeis) podem ser adicionadas, conforme documento enviado pela Burger King à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Caso esses lotes sejam exercidos, o volume total de oferta pode chegar a R$ 1,07 bilhão. Nesse caso, os acionistas venderão 59% dos papeis que detêm.
De acordo com o cronograma do Burger King, o valor da oferta será fixado no dia 21 de março. Os investidores serão consultados sobre a questão (“bookbuilding“) .No entanto, a negociação só irá acontecer depois do segundo dia útil, contando a data da divulgação do preço por ação. Já a liquidação irá acontecer no quarto dia útil após o comunicado.
Os bancos Itaú BBA (líder), Merril Lynch e BTG Pactual, serão os coordenadores das ofertas.
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Empresas querem monetizar
A decisão de vender as ações foi tomada após a cotação máxima das ações desde a listagem da empresa, em dezembro de 2017. Graças aos bons resultados entregues pelo Burger King, a valorização foi de 32%
no período.
Em 2018 a Burger King registrou um aumento de 31,6% na receita operacional líquida, que alcançou R$ 2,35 bilhões. O lucro passou de R$ 3,8 milhões em 2017 para R$ 128 milhões.
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IPO do Burger King
A Burger King Brasil, que opera as lanchonetes do Burger King no País, passou a disponibilizar suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo em dezembro de 2017.
No dia da operação, as ações trabalharam em baixa durante toda a sessão, após a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), ser colocado no teto da faixa indicativa.
A rede de fast-food havia anunciado a pretensão de precificar a oferta entre R$ 14,50 e R$ 18,00. Dessa forma, a marca teria um valor de mercado entre R$ 3,2 bilhões e R$ 4 bilhões.
No entanto, sem o sucesso esperado no pregão, a rede acabou levantando apenas R$ 2,2 bilhões.
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Oferta acima do esperado
O valor alto do IPO tinha como objetivo buscar, em primeiro lugar, os investidores internacionais que já conhecem a rede.
Enquanto o McDonald’s, principal concorrente do Burger King, negociava com um múltiplo do EV/Ebitda em 8,4 vezes para 2018, o BK indicava um valor entre 10,5 e 13 vezes.
Embora o BK tenha se tornado o maior concorrente do McDonald’s em apenas seis anos, no comparativo entre as redes de fast-food o McDonald’s ainda matinha a liderança no setor.
Desde que chegou ao Brasil até a realização de seu IPO, o BK abriu 542 lojas e faturava R$ 1,4 bilhão. A receita das lojas abertas cresceu em um ritmo de dois dígitos por mais de um ano.
Mesmo assim, a empresa continua tendo um faturamento por loja muito menor que o do concorrente. Na época do IPO, as lojas de rua da BK obtinham apenas 65% da venda por metro quadrado dos estabelecimentos do McDonald’s.
Dessa forma, a proposta apresentada ao mercado indicava que o crescimento teria vindo em particular da venda de sobremesas. Produtos que possuem o dobro da margem de lucro dos hambúrgueres e combos tradicionais. Todavia, enquanto o McDonald’s tinha 1400 quiosques de sobremesa em todo o Brasil, o Burger King não chegava aos 200.
O BK apresentou um plano de um app próprio de delivery, que já funcionava como piloto em algumas lojas. Segundo os planos, essa função de entrega em domicílios ganharia mais força nos meses seguintes.
No entanto, parte do crescimento da rede BK aconteceu devido a falta de investimento da Arcos Dorados, fraqueadora-master do McDonald’s na América Latina. Algo que gerou dúvidas em muitos analistas do setor.
Além disso, no momento do IPO, muitos analistas apontavam a pouca clareza das contas da BK. Um problema que, por exemplo, deixava o retorno sobre o capital investido (ROIC) como uma incógnita.
No IPO o Burger King Brasil adotou o “cash ROIC”, uma métrica que apontava uma taxa de 25% de retorno. Entretanto, segundo os especialistas, naquele momento o retorno estaria entre 10% e 15%.