A ida ao digital, acelerada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19), aumentou não só a presença de empresas na internet, mas também fomentou os problemas desse novo mundo. Um estudo feito pela McAfee mostrou que ataques hacker causaram prejuízos de US$ 1 trilhão apenas em 2020. De olho nesse perigo (e oportunidade), a BugHunt convoca “hackers do bem” a identificarem possíveis falhas na operação digital das companhias e faz disso um negócio.
A startup Bughunt, criada no ano passado, é, portanto, uma plataforma onde esses especialistas, chamados de “hackers do bem” se cadastram para avaliar proteção de sistemas de empresas e e-commerces.
Segundo o fundador e diretor-presidente (CEO) da startup, Caio Telles, esse tipo de atividade é mais comum fora do Brasil, e por aqui ainda não existia uma empresa especializada nesse tipo de intermediação.
“Participávamos de plataformas semelhantes lá fora e a gente não entendia o porque aqui no Brasil não existia algo assim. Começamos a maturar a ideia de montar uma aqui”, conta Caio, que fundou ao lado do irmão, Bruno Telles.
Em pouco mais de um ano desde a fundação, a BugHunt já conta com cerca de quatro mil especialistas cadastrados e deve continuar a crescer a base em cerca de 300 novos cadastros por mês.
Esses especialistas identificam bugs em sistemas, aplicativos, websites e até dispositivos físicos, como totens e máquinas de cartão, após as empresas requisitarem testes em suas próprias plataformas, a fim de encontrar potenciais problemas.
“O especialista vai encontrar um problema e reportar para a empresa, de maneira padronizada, e a empresa pode reclassificar e seguir com o pagamento”, diz Caio Telles. “A gente tem casos também de e-commerces que o especialista mudava o preço do produto. Então dá para imaginar o tamanho do prejuízo que isso poderia causar”, conta.
Outro ponto de alta na demanda é a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que obriga empresas a cuidarem dos dados pessoais captados dos clientes.
‘Hacker do bem’ pode ganhar até R$ 10 mil por descoberta de falha
A BugHunt ganha dinheiro na intermediação entre empresas e esses especialistas. Um hacker do bem pode ganhar até R$ 10.000,00 pela descoberta de cada vulnerabilidade. Já entre os clientes da companhia, que pagam pelo serviço de intermediação, estão grandes empresas, como a OLX, por exemplo.
Hoje, existem dois programas destinados as empresas: um público, no qual qualquer hacker cadastrado pode buscar vulnerabilidades, e um privado, acessado só pelo que têm pontuação na plataforma.
“Temos a mensalidade de dois programas para as empresas. A transação financeira não ganhamos, mas em um futuro talvez possamos”, disse Telles.
Para buscar mais especialistas, a BugHunt aposta em ficar conhecida dentro da comunidade. “Fazemos muitas ações focadas na comunidade, tem um campeonato de identificação de falhas que patrocinamos”, disse.
O investimento inicial saiu do bolso dos irmãos, além de outro sócio israelense.
“Tínhamos uma outra empresa que roda sozinha e colocamos um dinheiro na BugHunt. Assim, começamos com capital próprio e estamos em conversas com pessoas, estamos estruturando certinho para uma rodada”, disse Bruno.
A ida das empresas ao digital em meio a pandemia, no entanto, fez com que a empresa crescesse de forma exponencial. Apesar disso, a BugHunt não teme o aumento da concorrência.
“A tendência é surgir concorrente, é natural isso. Mas nossa previsão de crescimento é triplicar a receita e já duplicamos a quantidade de empresas e de especialistas só neste último ano”, disse o CEO da BugHunt.
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