Às vésperas de mais uma temporada de balanços, o BTG Pactual (BPAC11) projeta um crescimento nas operações digitais do Magazine Luiza (MGLU3) e do Mercado Livre (MELI34). Na outra ponta, a Via (VIIA3) deve apresentar quedas em suas iniciativas virtuais.
Segundo as estimativas dos analistas do BTG Luiz Guanais, Gabriel Disselli, Victor Rogatis e Luiz Temporini, o GMV (volume bruto de mercadorias) do Magalu deve crescer 15% em comparação com o ano anterior, o que mostrará uma aceleração do índice em relação aos últimos trimestres.
Movimentação similar também deve ocorrer na operação brasileira do Mercado Livre, com um crescimento do GMV de 19%, o que adiciona R$ 3,6 bilhões neste indicador da companhia argentina.
No sentido oposto desse crescimento, a Via deve cair 4% neste indicador. “Esperamos que o GMV online combinado do setor cresça 7% a/a, versus crescimento de 3% a/a no 3T22”, projetam os analistas.
Ainda vemos uma tendência secular de crescimento para o e-commerce brasileiro nos próximos anos e, ao contrário de mercados mais maduros, com GMV (e participação nas vendas do varejo) muito maior do que os níveis pré-pandemia.
Varejo: Modo defensivo ativado
Em meio ao escândalo da Americanas (AMER3), o time do banco de André Esteves destaca que um dos aprendizados com as recessões passadas “é que elas expõem as fraquezas existentes, aceleram as tendências emergentes e forçam as organizações a fazer mudanças estruturais mais rapidamente do que o planejado”.
“Isso ocorre principalmente no varejo, com grandes mudanças nas estratégias de canais de venda, estrutura de custos e investimentos. Mas, apesar de todos os esforços, as empresas continuam altamente correlacionadas com o cenário macro”, prossegue.
Por causa da inflação e do endividamento das famílias brasileiras, o BTG Pactual argumenta que as coisas pioraram no final do ano passado para as ações monitoradas pela casa.
“Esperamos que o curto prazo continue impactado pelas perspectivas macro (ainda é uma tese macro para os varejistas), com os investidores também olhando para o fluxo de notícias político/macro de curto prazo”, diz.
Os analistas acreditam que o debate deste ano no setor deve se concentrar nas seguintes variáveis:
- Custos de financiamento mais altos pressionando resultados e investimentos (mais pressão sobre a estrutura de capital);
- Inflação alta (variável chave que pressiona a renda disponível das famílias);
- Varejistas mais expostos a famílias de alta renda ainda reportam números sólidos, apesar da desaceleração esperada;
- Impacto de transferências extras de renda na economia, potencialmente ajudando empresas mais expostas a regiões de baixa renda (o impacto até agora foi marginal devido à pressão sobre a renda disponível).
“Seguimos conservadores na exposição ao varejo, com um mix preferencial de empresas expostas à reabertura da economia, mas com algum poder de precificação, proteção contra a inflação e bom momentum operacional, como Raia Drogasil (RADL3), Assaí (ASAI3), Arezzo (ARZZ3) e Mercado Livre (opção de beta maior, mas um grande outperformer vs. pares)”, finaliza.
O Magazine Luiza conta com recomendação de compra pelo BTG Pactual, enquanto VIIA3 tem recomendação neutra.
Magazine Luiza e Mercado Livre podem se beneficiar com crise na Americanas?
Com a crise na Americanas (AMER3), concorrentes como Magazine Luiza (MGLU3), Mercado Livre (MELI34) e Via (VIIA3) podem aproveitar a oportunidade e abocanhar fornecedores e clientes? Na visão do Goldman Sachs, a companhia argentina é a favorita para expandir sua posição no setor do varejo.
“Como os fornecedores podem procurar reequilibrar a distribuição para reduzir sua exposição na Americanas, acreditamos que o Mercado Livre pode ver o poder de negociação mudando a seu favor”, projetam os analistas do Goldman Sachs Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini.
Em relatório publicado na segunda (23), o banco argumenta que a gigante argentina do comércio eletrônico está “bem posicionada para ganhos de share, com sua forte infraestrutura operacional (em termos de tecnologia e logística), bem como sua flexibilidade de balanço para buscar oportunidades seletivamente”.
Do dia 12 de janeiro, primeiro pregão após a revelação do rombo bilionário da Americanas, até o dia 23, os BDRs do Mercado Livre subiram 7,35%.
Nesse mesmo período, as ações do Magazine Luiza dispararam 26,65%, movimento visto com certo ceticismo pelo Goldman Sachs. “Acreditamos que os ganhos de market share foram precificados potencialmente até acima do que é consistente com a participação atual da empresa”, diz.
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