Apesar da saída de Wilson Ferreira Júnior da presidência da Eletrobras (ELET6) anunciada no último domingo (24), o BTG Pactual (BPCA11), em relatório divulgado nesta segunda-feira (25), reiterou a compra do papel e estipulou o preço-alvo para a ação preferencial tipo B em R$ 63 e para o ADR americano em US$ 11,52, principalmente por conta da política de dividendos e das mudanças já feitas na companhia.
Às 11h05, o papel caia 4,40% na B3, sengo negociado a R$ 29,24.
As mudanças realizadas por Wilson Ferreira Júnior fizeram a Eletrobras, segundo o analista João Pimentel, se tornar praticamente uma empresa de geração e de transmissão de energia. Com esse novo formato, o fluxo de caixa da companhia se tornou mais previsível e os resultados garantidos.
Além disso, o banco acredita que a empresa deve continuar com sua política de dividendos, que fornece proteção no caso de os balanços começarem a se deteriorar.
Para BTG, Eletrobras teve gestão “sem precedentes”
Apesar da menor probabilidade de privatização e da incerteza gerada pela vacância do cargo de presidente, o BTG considera as mudanças feitas na Eletrobras nos últimos anos como positivas.
Ferreira realizou, para o banco, uma administração “sem precedentes”, com destaque para:
• se livrou de distribuidoras, que geravam grande fuga de dinheiro
• cortou custos massivamente
• vendeu subsidiárias de transmissão e de geração de energia
• simplificou a estrutura administrativa da estatal.
Apesar dos avanços, o banco vê a Eletrobras ainda muito menos eficiente do que as suas concorrentes privadas. Abrir o capital seria algo vital para a companhia voltar ao seu apogeu.
Privatização ainda mais longe
Segundo o analista João Pimentel, a privatização, com a renúncia, fica mais distante e menos provável: “o difícil se torna mais difícil”, afirma. Apesar disso, as alterações que o antigo presidente da Eletrobras realizou na companhia, para o banco, dificilmente serão desfeitas.
Há o temor de que a aconteça com a Eletrobras o que aconteceu com a Sabesp (SBSP3) e que a privatização fique para a história, o que é reforçado pela saída de Ferreira.
Fora a saída do presidente da Eletrobras, há, para o BTG, uma divergência dentro dos grupos políticos pró-privatização e ainda grupos políticos opostos fortalecidos. A eleição para a presidência da Câmara e do Senado devem dificultar qualquer discussão sobre o tema no futuro próximo.
Para a XP Investimentos, que não cobre a Eletrobras, a saída do CEO combinado com as recentes falas de políticos, como a do candidato à presidência do Senado Rodrigo Pacheco, que afirmou que a privatização da companhia não seria foco de sua gestão, e da senadora Simone Tibet, que afirmou que a desestatização depende de um melhor momento, ajudaram a criar um mal-estar sobre a companhia.