A compra do Banco Pan (BPAN4) pelo BTG Pactual (BPAC11), por cerca de R$ 3,7 bilhões, deve melhorar a presença do BTG em um nicho de mercado ainda pouco explorado pela instituição bancária, que são os clientes de baixa renda, e também servir como catalisador de uma presença online, começando a seguir a trajetória de bancos digitais como Nubank e Banco Inter (BIDI11).
O BTG Pactual sempre tratou o Banco Pan como seu braço para o varejo focado em baixa renda já que, mesmo com o BTG +, nunca conseguiu uma entrada muito grande nesse segmento. Com o Pan, o foco agora é estreitar esse relacionamento, sem as amarras da Caixa, e com foco no digital.
Celular + app + linhas de financiamento serão o combo oferecido pelo BTG com o Pan. “O Pan será uma carta na manda do BTG, aumentando a presença e a oferta de produtos, como financiamentos, para um segmento da população que o BTG não atende, também ajudando na briga com as fintechs e ainda com um valor de mercado satisfatório”, disse uma fonte a par das negociações ao SUNO Notícias.
“Não à toa, o Pan tem presença em diversos programas e espaços da mídia voltados mais a um público jovem e de menor renda. É a estratégia do banco para alcançar essas pessoas em uma marca mais popular, que não seja o BTG”, completou.
BTG mira Nubank, mas que dê lucro
Para Caio Rodrigues, head de produtos da Speed Invest, a compra do Pan pelo BTG agrega a presença do BTG em um segmento de mercado que assusta os bancos tradicionais, mas que, ao contrário dos demais, opera no azul.
“Entendo que o Pan atende uma parte do portfólio que o BTG não atende, que é a classe C. Com o Banco Pan, o BTG atende esse público sob essa bandeira e acredito que ele passe a bater de frente como Nubank e Banco Inter”, afirmou.
“E, diferente dessas operações do Nubank, o Banco Pan já dá lucro, então é um diferencial para fazer essa aquisição completa”, completou o analista.
No quarto trimestre do ano passado, o banco Pan apresentou lucro de R$ 171 milhões, crescimento de 2% na comparação com 2019. Já o Nubank registrou prejuízo líquido de R$ 230 milhões em 2020.
Para Lucas Akira, analista da Absolute Investimentos, a saída da Caixa transforma o Pan em um player sem amarras, podendo até partir para novas aquisições de outras plataformas no futuro.
“No fim é uma alocação de capital interessante. O BTG já conhece o negócio, então ficamos na confiança de que o BTG sabe que ele está fazendo. A estratégia não vai mudar, a operação de varejo é importante e a Caixa saindo deixou o negócio bem mais fluído, o Pan pode fazer M&A. Nada muito grande, mas pode sim ser algo relevante para a própria empresa”, disse.
Segundo Akira, o BTG, que captou cerca de R$ 5 bilhões no mercado no ano passado, deve voltar às compras ainda neste ano, mas sem aquisições tão grandes ou relevantes.
No mês passado, uma das controladas do banco de investimento comprou 100% do capital social da fintech Kinvo, por R$ 72 milhões. O banco também realizou a aquisição de 100% do capital social da Necton Investimentos Corretora de Valores Mobiliários e Commodities, por R$ 348 milhões.
“Acho que tem mais alguns deals no pipeline. O BTG Pactual já tem um capital interessante, mas uma fintech, uma empresam menor, comprar tecnologia, deve sim, estar nos próximos passos. Acho que nada de muito grande, mas se houver, é porque surgiu uma oportunidade muito boa”, disse.
Próximo das 15h25 (de Brasília), as ações do BTG Pactual (BPAC11) tinham alta de 0,92%, cotadas a R$ 99,37, enquanto que as do banco Pan subiam 15,39%, a R$ 12,97.