A Vivo (VIVT3) deve ter dificuldade em remunerar seus acionistas no curto prazo após a aquisição da Oi, afirmou o BTG Pactual nesta quinta-feira (29).
Em relatório divulgado ao mercado, o banco manteve recomendação de compra, mas reduziu o preço-alvo das ações da Vivo de R$ 64 para R$ 50.
Para calcular o novo preço-alvo da Vivo, o BTG está usando um custo de capital próprio (retorno mínimo que os sócios vão exigir de seu patrimônio investido na companhia) e um WACC (custo de capital utilizado em uma análise de retorno) mais altos, de 14,9% e 13,7%, respectivamente, para descontar os fluxos de caixa da empresa.
Dividendos mais fracos em 2023
Como lucros acumulados da Vivo foram quase 100% pagos, novos dividendos dependerão dos lucros nos próximos trimestres.
Mas, segundo o BTG, a incorporação da Oi, a inflação e as taxas de juros em espiral fizeram com que os lucros da Vivo caíssem no primeiro semestre do ano, o que deve atrapalhar resultados no curto prazo.
O pagamento anual de dividendos da Vivo deve ser de R$ 4,6 bilhões em 2022, R$ 3,5 bilhões em 2023 e R$ 5,1 bilhões em 2024.
Uma alternativa possível para a Vivo continuar remunerando seus acionistas é uma redução de capital, utilizando parte dos R$ 64 bilhões disponíveis para isso.
O BTG não descarta a operação, que deve ter aprovação da Anatel, de um conselho fiscal e dos acionistas convocados em uma assembleia geral.
Entretanto, o banco não incorpora isso em seu modelo de precificação, por considerar que um movimento neste sentido em ainda em 2022 é improvável.
Tim é pedra no sapado da Vivo
O BTG vê a Vivo sendo negociada a um múltiplo EV/Ebitda (indicador que mostra quantos anos seriam necessários para que o lucro operacional da empresa quitasse todos os gastos gerados para comprá-la) de 4,2x no ano que vem.
O número é atrativo, considerando a estimativa de 5,8x para a concorrência em 2023 — menos para a Tim, que opera a um múltiplo de 4,1x.
A Tim também deve entregar um melhor rendimento de dividendos (dividend yield, ou DY) em 2023, de 7%, contra 5% da Vivo.
“No médio/longo prazo, os dividendos da Vivo devem retornar aos altos níveis observados nos últimos anos”, conclui a casa.