A Vale (VALE3) informou na quarta-feira (20) que a regional da Agência Nacional de Mineração (ANM) determinou, de forma preventiva, a suspensão imediata das atividades dos complexos de Fábrica e de Vargem Grande.
A Vale afirmou que atendeu imediatamente a determinação. Porém, entrará com recurso contra a decisão do órgão, de acordo com o “Valor Econômico”.
A suspensão foi determinada pela ANM para evitar “eventuais gatilhos para modos de falha por liquefação” das barragens:
- Forquilha I;
- Forquilha II;
- Forquilha III;
- Grupo;
- e Vargem Grande.
A motivação do recurso a ser apresentado é a possibilidade da mineradora realizar desmonte mecânico via trator. E também manter as operações das usinas de concentração e pelotização.
Interrompidas as operações, haverão impactos limitados nos volumes de produção. Conforme a Vale, o tamanho desse impacto será divulgado assim que estimado.
A Vale destacou que o descomissionamento de barragens a montante já incluía a interrupção das operações de desmonte por explosivo. E a introdução de desmonte mecânico via trator nas próximas semanas. Assim, as operações serão adiantadas.
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Indenizações
Nesta quinta-feira (21), a mineradora informou que entende que a assinatura do acordo preliminar com as autoridades para o pagamento de indenizações aos afetados pela tragédia de Brumadinho “privilegia a assistência e minimiza a incerteza dos atingidos pelo rompimento”.
As indenizações serão adiantadas, a partir de 25 de janeiro, por meio de pagamentos mensais correspondentes a:
- um salário mínimo por adulto;
- meio salário mínimo por adolescente;
- um quarto de salário mínimo por criança.
A Vale também concordou com o pagamento das multas administrativas estaduais, que totalizam, aproximadamente, R$ 99 milhões.
O acordo preliminar foi assinado ontem na 6ª Vara de Fazenda Pública de Belo Horizonte. O acordo foi selado pela Vale e:
- a Advocacia Geral do Estado de Minas Gerais;
- o Ministério Público do Estado de Minas Gerais;
- a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais;
- a Advocacia-Geral da União;
- o Ministério Público Federal;
- e a Defensoria Pública da União.
A ajuda emergencial será destinada às pessoas com registro na cidade de Brumadinho, até a data do rompimento da Barragem 1 da mina do Córrego do Feijão. Também para comunidades que vivem próximas ao leito do rio Paraopeba, desde Brumadinho até Pompéu.
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Brumadinho
A barragem 1 de rejeitos da mina do Córrego do Feijão estourou no dia 25 de janeiro. A mina, localizada na área metropolitana de Belo Horizonte, é de propriedade da Vale.
Segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, ao menos 171 pessoas morreram e 139 estão desaparecidas.
O acidente gerou uma avalanche de lama, que liberou em torno de 13 milhões de metros cúbicos (m³) de rejeitos. A lama destruiu parte do centro administrativo da empresa em Brumadinho, e arrastou casas e até uma ponte.
A barragem rompida da Vale faz parte do complexo de Paraopeba. A mina é responsável por 7,3 milhões de toneladas de minério de ferro do terceiro trimestre de 2018. O volume corresponde a 6,2% da produção total da mineradora.