A BrMalls (BRML3) rejeitou a proposta de cisão de ativos feita pela Suno Asset na última sexta-feira (19). Em comunicado, a empresa disse que a operação “não seria o melhor caminho para criar valor aos atuais acionistas da companhia”.
Em uma carta aberta, a Suno Asset, do grupo Suno, propôs ao conselho de administração da BrMalls uma cisão de ativos para “destravar” valor aos acionistas da empresa. Segundo a proposta, os ativos da BRMalls seriam detidos por um ou mais fundos imobiliários. A empresa se tornaria, prioritariamente, uma administradora de ativos imobiliários. Veja aqui a carta completa.
A identificação da oportunidade foi feita pela Suno Asset em parceria com a Aurora Capital, gestora de fundos que detém participação acionária na companhia de shoppings.
De acordo com o comunicado da BrMalls, entre os motivos que motivaram à rejeição da proposta estão:
- Expressivo Imposto de Renda sobre ganho de capital e ITBI, decorrentes da transferência de titularidade.
- Restrições de alavancagem trazidas pela regulamentação aos fundos imobiliários, que trariam impactos custosos para tratamento das dívidas existentes da companhia, bem como limitações para sua estrutura de alavancagem futura.
- A base acionária da companhia é composta em sua grande maioria por investidores que não se beneficiariam da isenção de impostos sobre dividendos.
- Perda de liquidez para os atuais acionistas da BrMalls, dado que o volume de negociação das ações da companhia é substancialmente – mais de 30x – superior ao volume de negociação médio dos principais Fundos Imobiliários de Shopping Center.
Além disso, a BrMalls declarou que tem feito melhorias de longo prazo, como vendas e compras para qualificar o portfólio de seus shoppings, revitalizações e fortalecimento da estrutura de capital. A empresa citou ainda aceleração da inovação e transformação digital, para fazer frente aos desafios de e-commerce trazidos pela pandemia.
“Nos últimos anos, investimentos em inovações digitais e de omnicanalidade também se tornaram estratégicos para viabilizar a evolução do modelo de negócios a longo prazo”, afirmou a companhia.
“Para consecução desses objetivos é fundamental uma estrutura integrada, que possua controle dos ativos, forte balanço patrimonial, alinhe interesses e horizontes de retornos, sincronize investimentos, desenvolvimentos, administração e comercialização dos shoppings, de forma a maximizar valor a longo prazo aos acionistas.”
BrMalls vê fundos imobiliários como complemento à estratégia
De acordo com o documento, a BrMalls acredita no mercado de fundos imobiliários como um complemento à sua estratégia principal. A empresa citou a realização de operações com as gestoras Vinci Partners, HSI – Hemisfério Sul Investimentos, Brasil Plural, BTG Pactual (BPAC11), Hedge Investimentos, envolvendo 17 participações em shoppings centers de seu portfólio.
“Um exemplo da expertise e compromisso com o retorno ao acionista foi a recente transação realizada com FII do BTG Pactual em 2019, que resultou na alienação de 7 shoppings pelo valor total de R$ 696,4 milhões, sendo que os valores da venda foram integralmente distribuídos aos acionistas no mesmo exercício através de dividendos e Juros sobre Capital Próprio – JCP extraordinários”, disse.
Segundo o comunicado, a BrMalls está “constantemente avaliando e endereçando” as oportunidades de maximização de valor para seus ativos e acionistas.
Suno Asset vai enviar uma resposta para empresa nos próximos dois dias
O fundador e presidente do conselho do Grupo Suno, Tiago Reis, disse que a gestora está avaliando o comunicado da BrMalls e deve publicar uma resposta em até 48 horas. “Vemos uma série de pontos que podem ser melhor compreendidos na nossa proposta. Vamos endereçar as questões levantadas pela BrMalls, ponto a ponto, em uma nova carta aberta”, afirmou.
Procurado pelo Suno Notícias, o sócio da Aurora Capital, Renoir Vieira afirmou que os advogados contratados pela Suno Asset e pela Aurora estão elaborando uma resposta para os argumentos apontados pela BrMalls. “Vamos responder tecnicamente ponto a ponto para demonstrar que a operação é sim viável e vantajosa para os acionistas”, afirmou.
A resposta deve ser enviada nos próximos dois dias, segundo o executivo. Na visão de Vieira, a negativa da BrMalls não foi uma surpresa para a Suno ou para a Aurora porque a companhia teve pouco tempo para avaliar a proposta. “Nós levamos três meses para avaliar e eles tiveram apenas dois dias. Gostaríamos que eles dedicassem mais tempo para avaliar a proposta”, disse.
Questionado sobre o modelo de carta aberta adotado pela Suno Asset, Vieira explicou que a opção foi feita depois que a BrMalls negou “reiteradas tentativas” de contato com a companhia.
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