A BRF perdeu mais de R$ 200 milhões em derivativos de ações em uma operação de “total return swap”.
No mês passado, a BRF concluiu a liquidação de instrumento derivativo que firmou com o Bradesco em 2017, onde negociava as ações comprados por R$ 53,60 pelo valor de R$ 42,02. Assim, a companhia obteve um prejuízo de R$ 140,5 milhões. Porém, conseguiu liberar R$ 509,8 milhões para o caixa. O valor foi utilizado como o derivativo com o Bradesco.
Saiba mais – BRF: confira 4 motivos que levaram a gigante alimentícia ao caos atual
Os investidores que aprovaram a medida, assinada pelo ex-CEO Pedro Faria, previam que os preços das ações só estava em queda devido a Operação Carne Fraca, desencadeada em 2017. Porém, os papéis não subiram como o esperado. O cálculo era de que a BRF conseguiria recuperar os investimentos quando as ações voltassem ao patamar de R$ 50. Contudo, os papéis da empresa estão na casa dos R$ 20.
De acordo com os termos do derivativo, a BRF pagaria 110% do CDI para o Bradesco, calculados a partir do valor do contrato de R$ 510 milhões. Em troca, receberia a diferença positiva da variação do preço de sua ação. Se os papéis tivessem se recuperado e voltado à casa dos R$ 50, a empresa teria alcançado o objetivo.
Saiba mais: ANVISA proíbe venda de lotes de carne da Perdigão, marca da BRF
Com os desdobramentos da Operação Carne Fraca e os embargos comerciais na Europa, as ações da BRF não conseguiram se recuperar. Além de pagar ao Bradesco 110% de CDI, a companhia deverá desembolsar a variação negativa de suas ações. A diferença é de mais de R$ 200 milhões, o dobro do arrecadado pela BRF na venda da fábrica de hambúrguer de Várzea Grande, Mato Grosso, para a Marfrig.
Mau momento da BRF
O prejuízo da BRF vem em momento ruim da companhia. Em 2018, a companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 4,466 bilhões, perdas 306% maiores do que as aferidas em 2017. Naquele ano o prejuízo foi de R$ 1,099 bilhão.
Saiba mais: BRF tem novo prejuízo em 2018 e perdas somam R$ 4,466 bilhões
Os resultados trimestrais da BRF também pioraram. O prejuízo no último trimestre do ano foi de R$ 2,125 bilhões, tendo uma alta de 171% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando as perdas somaram R$ 784 milhões.