BRF não alcança meta de desinvestimento e encerra venda de ativos

A BRF informou nesta quinta (7) que não vai mais vender ativos, pelo menos por enquanto. O anúncio foi feito com a divulgação da venda de suas fábricas de processamento de alimentos e abate de aves na Europa e na Tailândia para a Tyson. O valor da operação foi de US$ 340 milhões.

A conclusão do negócio, que ainda depende da autorização de órgãos regulatórios, finda o processo de desinvestimento da BRF. A fabricante divulgado o plano de venda de ativos em junho de 2018, num esforço para pagar suas dívidas e voltar a entregar lucro.

A meta inicial, de captar R$ 5 bilhões com as operações, não teve êxito.Com a venda das fábricas na Europa e na Tailândia, o valor obtido chegou apenas a R$ 4,1 bilhões. As metas de desalavancagem, portanto, devem ser atrasadas – em seis meses.

Parente diz que Brexit afetou operação

O presidente da BRF, Pedro Parente, admitiu que o Brexit afetou negativamente a venda dos ativos na Europa. Ele afirmou nesta quinta que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) atrapalhou o processo de desinvestimento. O Brexit teria criado obstáculos para os planos da BRF de alcançar R$ 5 bilhões com a venda dos ativos. Além das fábricas na Europa ou na Tailândia foram vendidas também os negócios na Argentina e uma fábrica de hambúrguer no Brasil.

Entretanto, segundo Parente, o Conselho de Administração da BRF considerou o programa de desinvestimentos “bem sucedido”. Segundo o executivo, a BRF avaliou a venda de outros ativos para atingir a meta, mas acabou descartando a hipótese. “Nova venda de ativos não se justifica no curto prazo”, afirmou o presidente falando com analistas. Para Parente, a situação de caixa da companhia ainda é bastante confortável.

Vendas na Europa e Tailândia

A BRF anunciou a venda de suas operações na Europa e Tailândia por US$ 340 milhões (cerca de R$ 1,25 bilhão).

A BRF (SA:BRFS3) informou nesta quinta-feira (07) que vendeu as atividades para a norte-americana Tyson International Holding. A gigante brasileira das carnes cedeu 100% das ações da Golden Foods e da Universal Meats, empresas localizadas na Europa e Tailândia.

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A operação envolveu quatro fábricas no país asiático, uma na Holanda e uma no Reino Unido. Essas plantas atuam em atividades de processamento de alimentos e abate de aves. O enterprise value dessas empresas foi calculado em US$ 340 milhões.

“O fechamento dessa operação está sujeito à verificação de condições precedentes aplicáveis a transações dessa natureza, incluindo a aprovação pelas autoridades regulatórias”, informou a empresa em nota.

As duas empresas deverão também assinar contratos acessórios típicos desse tipo de operação. Entre eles, contratos de prestação de serviços transitórios, instrumentos de licenciamento e de transferência de propriedade intelectual.

As vendas na Tailândia e na Europa foram realizadas em conjunto por causa da ligação dessas atividades. Os ativos da BRF no país asiático produziam frango cozido quase que totalmente exportado para o território britânico. As dificuldades no Brexit, o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), foram utilizadas pela Tyson como barganha nas negociações com a empresa brasileira. Isso porquê o setor industrial britânico, e também o segmento das carnes, poderia ser seriamente afetado pela medida.

Com essa operação de venda, a BRF vai amargar uma perda contábil de pelo menos US$ 70 milhões (cerca de R$ 260 milhões). Isso porque a empresa brasileira comprou a Golden Foods e a Universal Meats no início de 2016 por pagando US$ 410 milhões.

Venda parte de plano de reestruturação

A operação de venda faz parte do Plano de Reestruturação Operacional e Financeira da BRF. O projeto, divulgado no ano passado, prevê desinvestimentos, venda de ativos non-core, capital de giro e securitização de recebíveis. Essas medidas tentam arrecadar um total de, aproximadamente, R$ 4,1 bilhões. Isso representa um revés para a controladora da Sadia e da Perdigão, que inicialmente previa alcançar R$ 5 bilhões.

Com essa operação, a gigante das carnes prevê que a razão entre a dívida líquida e o EBITDA ajustado ficará em torno de 5x no 4º trimestre de 2018. Um resultado que inclui já os efeitos proforma de todas as vendas de ativos já anunciadas. Além disso, no 4º Trimestre de 2019 essa razão deveria estar em aproximadamente 3,65x. Uma previsão que mostra um adiamento de seis meses para alcançar as metas divulgadas em junho de 2018.

A BRF reiterou em fato relevante seu objetivo de levar adiante um processo de desalavancagem declinante. A empresa tenta alongar seu endividamento, principalmente graças ao caixa robusto que detém. A liquidez da gigante das carnes é estimada em aproximadamente R$7 bilhões em dezembro de 2018.

Reestruturação da empresa

A BRF passa por um processo de reestruturação liderado por seu presidente, Pedro Parente. Antes da venda dos ativos à Tyson, a gigante das carnes já havia obtido cerca de R$ 500 milhões com a venda das operações na Argentina e de uma fábrica de hambúrguer no Brasil.

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A situação da companhia piorou depois da Arábia Saudita descredenciar cinco frigoríficos brasileiros que exportavam carne para o país no final de janeiro.

A Arábia Saudita é o maior comprador de carne de frangos do Brasil. As unidades da companhia estavam entre os frigoríficos desabilitados pelos árabes.

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As previsões do conselho de administração são que os resultados da controladora da Sadia e da Perdigão parem de cair em 2018. Os números deveriam voltar a ser positivos em 2019.

O setor vem passando por um momento ruim. De acordo com o relatório da Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, as exportações em 2018 enfrentaram uma queda de 14% em relação a 2017.

Em janeiro, a BRF deixou de atuar na Argentina após perder R$ 1,2 bilhão em sua atuação no país. A última operação em terras argentinas foi a venda da Campo Austral por US$ 35,5 milhões.

Guilherme Caetano

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