O relatório do BTG com a previsão de resultados trimestrais para a BRF (BRFS3) traz recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 20.
Os analistas demonstraram preocupação com a alavancagem e redução de margens da BRF para lidar com a concorrência: “Desde que rebaixamos a classificação de BRF em 2018, destacamos sua aparente perda de poder nos lucros, com as margens com dificuldades de atingir seus dias de glória à medida que os custos indiretos dispararam e a concorrência aumentou.”
O relatório do banco acrescenta: “Ao longo dos anos, isso também se traduziu em um preocupante aumento da alavancagem da BRF, impedindo-a de investir para o crescimento do negócio e concorrendo de igual para igual com uma Seara cada vez mais poderosa e à medida que os players regionais ganhavam espaço”.
Os analistas também não esperam melhora relevante no Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização): “Estamos modelando para receitas consolidadas de R$ 14,1 bilhões (14% a/a; 6% t/t) e Ebitda de R$ 1,4 bilhão (4% a/a) com 10,1% de margem”, informa o relatório. A BRF fará a divulgação em 09 de novembro, após o fechamento do mercado.
Concorrência de preços afeta as margens da companhia
No momento não é possível determinar o que será uma margem “normal” para a companhia, segundo os analistas: “Após margens fracas no 1T22, o ritmo de recuperação será fundamental para determinar a nova margem ‘normal’ da BRF. Nossa percepção preliminar é que a BRF está agora tentando conter a queda da participação de mercado e focar na recuperação de volumes”.
O segundo trimestre já trouxe recuperação da margem, principalmente com o aumento das margens de exportação para o Oriente Médio e uma melhor lucratividade no Brasil. Agora, segundo analistas, a empresa deve mudar o foco: “Até certo ponto, o foco no poder de precificação no Brasil, que prevaleceu nos últimos trimestres, parece ter sido, pelo menos temporariamente, substituído pelo foco nos volumes e na necessidade de melhorar a utilização da capacidade”.
O desafio, para os analistas, será melhorar a competitividade, o que reduz as margens: “Acreditamos firmemente que o crescimento de volume só poderá ser alcançado se os preços realizados pela BRF se tornarem mais competitivos em relação a uma concorrência já acirrada. No terceiro trimestre, nossa percepção é de que já vimos parte disso acontecendo, possivelmente explicando por que agora esperamos que as margens no Brasil permaneçam estáveis em relação ao trimestre anterior”, afirmam os analistas.
O relatório do BTG traz também um comentário sobre a administração da empresa: “As atuais mudanças na administração da BRF devem representar a quarta grande mudança de estratégia desde a fusão Sadia/Perdigão. Embora reconheçamos os muitos atributos da Marfrig (MRFG3) para liderar uma necessária reformulação da cultura e das práticas da BRF, também lembramos aos investidores o quão difícil pode ser a implementação de algumas dessas mudanças”. Segundo fontes da empresa, alguns KPIs da BRF (como conversão de carnes, precificação) vêm tendo um desempenho bem abaixo das expectativas.
No lado positivo, os analistas acreditam que a BRF terá sorte nos próximos trimestres, devido ao aumento da demanda externa por proteínas brasileiras: “Assim, esperamos que as margens internacionais da BRF permaneçam elevadas no 3T22 (13,1% na linha do Ebitda)”.
A ação da BRF (BRFS3) fechou em queda de 11,24%, nesta terça-feira (25). A ação da empresa de frigoríficos já tinha recuado 7,7% na segunda-feira (24), sinal de que os investidores estavam ajustando expectativas, anteriormente altas, para um terceiro trimestre mais fraco da BRF, diz Leonardo Alencar, head de Agro, Alimentos e Bebidas da XP. O papel da empresa fechou a sessão desta quarta (26) em queda de 2,36%, negociada a R$ 11,95.