A BRF (BRFS3) teve um lucro líquido de R$ 22 milhões no primeiro trimestre de 2021, revertendo o prejuízo de R$ 38 milhões registrado no mesmo período do ano passado.
O volume de proteínas comercializadas ficou estável na base anual, em 1,1 milhão de toneladas, segundo a BRF em seu documento publicado na noite desta quarta-feira (12),. Houve queda da participação do mercado nacional (saindo de 565 mil toneladas para 535 mil) e crescimento do segmento internacional (saindo de 458 mil toneladas para 466 mil).
A receita líquida, apesar do volume estagnado, avançou 18,4%, chegando a R$ 10,5 bilhões, com avanço tanto no mercado nacional quanto no internacional – mesmo com o volume de vendas no mercado brasileiro caindo, a receita no país também avançou por conta da combinação de “mix de produtos e preços”.
BRF vê custos subindo
A alta da receita, em parte impulsionada pelo aumento de 20,2% no preço médio das proteínas, foi, porém, impactada pelos maiores custos com os produtos vendidos, que avançou 25,4%, com as matérias-primas custando R$ 8,39 bilhões, ante R$ 6,69 bilhões no mesmo período do ano passado.
Os custos elevados, segundo a BRF, são explicados pelo aumento dos preços dos grãos, pela desvalorização cambial (com insumos custando mais) e pelo frete mais caro, bem como as embalagens.
Com os gastos maiores, o lucro bruto ficou em R$ 2,1 bilhões, ante R$ 2,2 bilhões no primeiro trimestre de 2020, com uma margem bruta de 20,7%, queda de 4,5% pontos percentuais na base anual.
As despesas operacionais também avançaram, crescendo 9,4% na comparação entre o período de janeiro e março deste ano com o mesmo intervalo do ano passado, somando R$ 1,59 bilhão. O aumento é resultado das despesas relacionadas à prevenção e ao combate dos efeitos da Covid-19 nas operações e pelas maiores despesas denominadas em reais no mercado internacional, com a desvalorização cambial”, explica.
A BRF viu seu Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuar 1,4%, para R$ 1,2 bilhão. A margem Ebitda ficou em 11,6%, queda de 2,4 pontos percentuais no ano.
Por último, o lucro líquido da BRF é impactado pelos gastos com depreciação e amortização, que foram de R$ 661 milhões, alta de 15,7% na base anual, e pelo resultado financeiro negativo, com despesas de R$ 603 milhões, crescendo 0,6% na base anual – destaque para os maiores dispêndios com juros, que saltaram 38,4%, chegando a R$ 409 milhões, por conta do encarecimento das dívidas emitidas em dólar.
Apesar do pior desempenho operacional, a BRF conseguiu reverter o prejuízo por conta que, no primeiro trimestre do ano passado, a companhia teve de amargar despesas com uma class action, celebrando um acordo de US$ 40 milhões de dólares.
A BRF fecha o primeiro trimestre de 2021 com uma dívida líquida de R$ 15,3 bilhões, alta de 8,2% na comparação com o final de 2020, mas caindo na comparação com o primeiro trimestre de 2020, e com um múltiplo de alanvacagem financeira, medida pela relação entre dívida e Ebitda (DL/Ebitda), de 2,96, ante 2,68 nos três primeiros meses de 2020.