As ações da BRF (BRFS3) disparam na tarde desta quarta-feira (5) no Ibovespa, com o mercado repercutindo o pedido, feito pela companhia, de registro de oferta pública de distribuição primária de ações ordinárias de, inicialmente, 500 milhões de ações.
No fechamento, os papéis ordinários da BRF subiram 10,23%, cotados a R$ 9,87, liderando as altas do Ibovespa.
Cotação BRFS3
A quantidade de ações da BRF inicialmente ofertadas poderá, a critério da companhia, em comum acordo com os coordenadores e os agentes de colocação internacional, ser acrescida em até 20%, ou seja, até 100 milhões de ações.
Os coordenadores da oferta da BRF incluem JP Morgan, Bradesco BBI, BTG Pactual (BPAC11), Citi, Itaú BBA, Safra, UBS BB e XP (XPBR31). A fixação de preço do follow-on ocorrerá no próximo dia 13 de julho.
Na última segunda-feira (3), o conselho de administração da BRF aprovou um aumento de capital de 500 milhões de ações de emissão da empresa, passando das atuais 1,325 bilhão para 1,825 bilhão de ações ordinárias.
BRF: Santander ressalta economia em despesas financeiras
Em relatório, analistas do Santander estimaram que, com o aumento de capital, a BRF pode economizar entre R$ 400 e R$ 500 milhões em despesas financeiras, permitindo que a administração se concentre mais na recuperação das operações do que na gestão financeira.
Além disso, os atuais riscos relacionados à gripe aviária no Brasil impedem o banco de ser otimista em relação à companhia, dados os efeitos negativos que um surto mais amplo pode ter sobre o setor, mesmo considerando uma perspectiva de custos favoráveis para o segundo semestre de 2023.
Ainda no texto, o Santander acredita que a nova equipe de gestão da BRF continua trabalhando em um plano estratégico para transformá-la em uma empresa mais enxuta e ágil, com o objetivo de aumentar a utilização de ativos e melhorar o retorno sobre o capital investido (ROIC).
“No curto prazo, acreditamos que os resultados devem ser favoráveis para a BRF, especialmente porque o cenário global de aves continua incerto e o comércio global de carne suína continua melhorando”, disseram os analistas Rodrigo Almeida e Laura Hirata.
O Santander tem recomendação “neutra” para os papéis da BRF, com preço-alvo a R$ 9,00.
BRF diminuiu prejuízo no 1T23
Entre os meses de janeiro e março deste ano, a BRF amargou um prejuízo de R$ 1,02 bilhão, recuo de 35,2% em relação ao mesmo período de 2022.
Confira os principais números do balanço da BRF no 1T23:
- Receita líquida: R$ 13.178 bilhões (no 1T22, cifra foi de R$ 12.041 bilhões);
- Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado: R$ 607 milhões (no 1T22, cifra foi de R$ 152 milhões);
- Prejuízo líquido: R$ 1.024 bilhão (no 1T22, cifra foi de R$ 1.546 bilhão);
BRF no 1T23: veja análises
Lucas Bonventi e Antonio Cozman, da Genial Investimentos, afirmam que a BRF entregou um trimestre “fraco, porém com resultados acima dos apresentados para o mesmo período do ano passado”.
“Enquanto o segmento Brasil apresentou uma relativa melhora e resultados decentes, o Internacional entregou números decepcionantes, tendo sido fortemente impactado pelo cenário de sobreoferta global do frango e custos de commodities ainda elevados (embora já em tendência de queda)”, argumentam os profissionais, que trabalham com recomendação “manter” nas ações da BRF.
Os analistas do BTG Pactual Thiago Duarte e Henrique Brustolin explicam que apenas para equilibrar a geração do fluxo de caixa, a BRF precisaria de um Ebitda de cerca de R$ 1,7 bilhão. “Isso sem falar em um ciclo de conversão de caixa que já está operando nos mínimos históricos, o que sugere que o espaço para melhorias adicionais no capital de giro é possivelmente limitado”, destacam.
“Se a BRF cumprir suas grandes promessas de eficiência, há esperança de que os resultados melhorem rapidamente antes que a dívida atinja níveis insustentáveis”, complementaram os profissionais.