Em relatório divulgado nesta quarta-feira (05), o Santander manteve recomendação neutra para as ações da BRF (BRFS3), apesar de aumentar preço-alvo de R$ 16 para R$ 21, alta de 31%. Os analistas avaliam que a maior parte do impulso de lucros já está precificada pelo mercado.
“O impulso nos ganhos tem sido forte recentemente e esperamos que essa tendência continue ao longo do ano”, diz o Santander. O banco prevê para 2024 um Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 8,6 bilhões e um EV/Ebitda de 5x.
Embora esse nível possa parecer descontado em relação à média histórica de 3 anos de 6x, o Santander acredita que o potencial de alta da BRF é limitado e, portanto, não espera uma revisão nas estimativas de consenso, dado os riscos de alta nos preços do milho e a visibilidade limitada das operações no exterior da BRF.
A BRF apresentou resultados melhores do que o esperado no 4T23 e no 1T24, principalmente devido ao forte desempenho das operações da BRF no exterior, que cresceram significativamente desde a apresentação de Ebitda negativo no 1T23.
“Embora esse forte desempenho possa ser uma questão de preço de transferência e maximização de lucros no exterior, também pode ser um reflexo de disrupções logísticas no Mar Vermelho. De qualquer forma, a visibilidade sobre esse desempenho é baixa, e não estimamos nenhuma mudança estrutural na demanda global para sustentar uma visão otimista de longo prazo nos mercados internacionais”, comenta o Santander.
BRF: custos podem aumentar com o evento La Niña, projeta banco
A recente estabilização dos futuros do milho reflete o equilíbrio entre oferta e demanda, segundo o Santander. Caso a produção total seja alcançada, os analistas veem o milho sendo negociado a US$ 4,9 por bushel, alinhado aos preços dos futuros para setembro de 2025.
“No entanto, há um potencial de alta nessa projeção. Se a produção da BRF na Argentina diminuir em 6 milhões de toneladas devido ao evento La Niña, os preços do milho podem subir para US$ 5,4 por bushel. Esse valor agora é considerado nosso cenário base, representando um aumento de 10% em relação aos preços dos futuros de setembro de 2025″, explica o banco.
BRF: XP reitera compra e vê segundo semestre como impulso para as ações
Por sua vez, a XP afirmou que os fundamentos de mercado da BRF são robustos. Diante disso, a corretora revisou para cima sua projeção de Ebitda ajustado para a empresa, superando em 21% e 12% as estimativas do mercado para 2024 e 2025, respectivamente.
Segundo os analistas da XP, o segundo trimestre da BRF provavelmente será um novo impulsionador para revisões positivas nos lucros, dando continuidade ao forte desempenho dos papéis da BRF desde o final de 2023.
“Os fundamentos de oferta, demanda e custo permanecem sólidos, uma visão apoiada por nossos channel checks. Projetamos que o 2T24 da BRF provavelmente servirá como outro catalisador para revisões de lucros”, diz a XP.
A corretora também destaca os esforços significativos de reestruturação da nova administração, que têm sido a principal razão para a empresa superar consistentemente as expectativas do mercado.
“O envolvimento do novo acionista controlador e da administração catalisou uma reviravolta estratégica na BRF, o que deve promover um histórico sustentável de lucros e geração de caixa no futuro”, afirmam os analistas da XP.
Com o novo preço-alvo de R$ 21,8, a XP estima um potencial de valorização de 12,77% nas ações. A research recomenda compra das ações da BRF.
Cotação
Nesta quarta-feira (05), as ações da BRF subiram1,50%, cotadas a R$ 18,32.
Cotação BRFS3