Ações da BRF (BRFS3) despencam 7,7% após follow-on; GS diz o que espera da empresa no ano
A BRF (BRFS3) precificou seu follow-on em R$ 20 por ação, correspondente a um desconto de 7,5% frente o último fechamento (R$ 21,63) e 2,0% abaixo do nível em que a ação estava sendo negociada antes do anúncio da oferta.
A empresa emitiu 270 milhões de novas ações BRFS3, com receita bruta de R$ 5,4 bilhões – abaixo das expectativas do mercado, de R$ 8 bilhões. De acordo com a BRF, a parcela adicional de 54 milhões ações não foi executada.
Além disso, a expectativa de aumento de posição da Marfrig (MRFG3) na concorrente também foi por água abaixo. A Marfrig subscreveu sua alocação original, mas não aumentou sua participação além do atual 31,66%.
Com isso, as ações da BRF figuraram entre as piores quedas do Ibovespa nesta quarta-feira (02). No fechamento os papéis caíam 7,77%, avaliados em R$ 19,95.
No dia anterior, último antes da precificação do follow-on, a empresa perdeu 3,14% de valor de mercado.
Em relatório, o Goldman Sachs responde a pergunta do momento: o que vem depois do follow-on da BRF?
O banco reiterou sua recomendação neutra para as ações da BRF, com preço-alvo em 12 meses de R$ 24,70, e listou três situações para estar no radar dos investidores.
Pontos de atenção sobre a BRF
Alavancagem
Segundo os analistas do Goldman Sachs, a situação de alavancagem da BRF deve melhorar após o follow-on, mas não o suficiente para acelerar a implantação do plano de expansão da empresa no curto prazo.
Após a oferta primária, o GS estima a alavancagem pró-forma da dona da Sadia e Perdigão passando dos 3,06x registrados no 3T21 para 2,07x.
“A nosso ver, este nível [de alavancagem] não oferece muito espaço para a implantação de investimentos de curto prazo materialmente mais altos, visto que a empresa indicou anteriormente que não pretende ir além de [um indicador] de 3x”, consta em relatório.
Em seus último guidance, a BRF reiterou a intenção de investir cerca de R$ 55 bilhões em sua Visão 2030, que trata do plano de expansão até 2030. No acumulado de 2021, a previsão de R$ 2,1 bilhões em gastos.
Posição da Marfrig
Embora tenha dito que iria participa ativamente da oferta, a Marfrig optou por manter sua participação atual nas ações da BRF, de 31,66%.
“Em nossa visão, o foco do mercado pode mudar agora para quão ativa será a Marfrig na assembleia geral da BRF, marcada para 28 de março”, ponderam os analistas no documento.
Lucros da BRF
“A dinâmica dos lucros de curto prazo continua desafiadora”, diz relatório. Com isso, o Goldman espera que a empresa reporte resultados mais fracos no 4T21, com o lucro pressionado pelo aumento no preço das principais commodities: milho +4,6% no mês de dezembro, soja +2,7%.
Além disso, preços deprimidos na China, condições macroeconômicas fracas no Brasil e uma concorrência acirrada com a JBS (JBSS3) também pode atrapalhar a empresa.
De acordo com a consultoria Nielsen, os brasileiros têm aumentado o consumo de alimentos processados, informa relatório do GS. Os analistas também apontam que a marca Seara, da JBS, registrou ganhos no período natalino.
Tudo isso deve repercutir nos resultados do 4T21 da BRF, que será divulgado no dia 22 de fevereiro.