Brexit sem acordo pode encolher economia em 5,5%, diz BC britânico

Em um documento oficial, o governo britânico relatou possíveis cenários após a conclusão do Brexit. De acordo com as autoridades, uma saída sem acordo da União Europeia (UE) poderia causar uma escassez de combustível e medicamentos, longos congestionamentos em portos e alta dos preços dos alimentos.

O Parlamento britânico pressionou o governo a divulgar o relatório, que diagnostica o futuro do Reino Unido após o Brexit. O documento traz a temorosa perspectiva de carência em medicamentos e combustíveis que ficariam parados nos portos na França, devido à burocratização alfandegária entre os países pela primeira vez em 40 anos.

“Protestos e contraprotestos vão ocorrer no Reino Unido e poderão absorver significativos recursos da polícia”, também diz o documento.

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O primeiro ministro britânico, Boris Johnson, desde que assumiu o cargo promete cumprir com o plebiscito de 2016. A vontade dele e de seus apoiadores é tirar o Reino Unido da UE com ou sem acordo.

A saída deveria ser sacramentada no dia 31 de outubro. No entanto, este prazo passou a ser incerto após o Parlamento ter aprovado uma lei que obriga o governo a solicitar o adiamento caso não seja fechado um acordo com a UE.

Possíveis consequências do Brexit

O ministro responsável pelo planejamento do Brexit, Michael Gove, afirmou que o texto apresentado não é uma garantia de que os piores cenários acontecerão, porém, fornece “um contexto deliberadamente ampliado para o planejamento governamental, a fim de garantir que estejamos preparados”.

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O caos aguardado pelo Parlamento se iniciaria com o congestionamento de portos do Canal da Mancha. O fluxo para o escoamento dos produtos de caminhões pode cair 60%.

O relatório diz que a desestabilização dos serviços dos portos de Dover, no Reino Unido, e de Calais, na França, pode ser prolongado por até seis meses. Isso faria com que os caminhões que precisam cruzar o canal enfrentem até 2 dias e meio nas filas de vistorias alfandegárias.

Isso poderia acarretar em uma compra acelerada por combustíveis por pânico. Além disso, a entrada de medicamentos seria prejudicada. O Reino Unido importa 75% dos remédios que consome.

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Além disso, empresas e famílias enfrentarão preços elevados pela produção elétrica, conforme o documento. Empresas e economistas alertam há muito tempo os risco à economia britânica de uma ruptura repentina com a UE. Algumas empresas, inclusive, já realizaram estoques de produtos, se preparando para a instabilidade do comércio.

O Banco Central britânico, relatou recentemente sua expectativa para o Brexit. Um efeito da retirada sem acordo encolheria a economia em 5,5%. O governo vinha postergando a divulgação do relatório que acentuaria esses pontos críticos.

Jader Lazarini

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