A premiê britânica Theresa May afirmou que deixará seu cargo logo depois que o acordo sobre o Brexit seja aprovado. May teria explicado que apresentará sua renúncia a parlamentares conservadores após a aprovação das modalidades de saída da União Europeia (UE).
A primeira-ministra britânica teria afirmado que as votações do Parlamento contra sua proposta de Brexit teriam sido uma mensagem contra ela. May afirmou ter entendido esse recado, mas que quer levar adiante uma passagem “ordeira” de mando para um novo premiê conservador.
“Ela disse que não vai ficar para a próxima fase de negociações. Se aprovarem o acordo, ela sai. Nenhuma escala de tempo foi discutida ou apresentada. A condição era que se ela conseguisse um acordo, isso iniciaria o processo para encontrar um novo líder quase que imediatamente. Havia uma atmosfera respeitosa. (…) Ela falou de forma apaixonada, mas não emotiva. Estamos todos traumatizados por essas negociações ”, firmou o parlamentar conservador Simon Hart à rede de TV norte-americana CNN.
A demissão de May já era considerada como certa no Reino Unido, após as derrotas consecutivas sofridas pela política. Ela chegou a sobreviver a moções de censura apresentadas por membros de seu partido e pela oposição.
A saída próxima da premiê já era dada como certa no Reino Unido. Nos últimos meses, May encarnou a imagem da “fênix”, contornando situações muito difíceis e se mantendo no cargo, em pelo menos três ocasiões:
- a derrota histórica de seu acordo, por 230 votos,
- e a sobrevivência em duas moções de censura em seu partido e no Parlamento.
Ainda assim, ela não conseguiu recuperar apoio em meio ao caos pela indefinição sobre a saída britânica da União Europeia.
O Reino Unido concordou com o Conselho Europeu que informará até 12 de abril sobre o que pretende fazer para deixar a UE. Londres e Bruxelas concordaram adiar a saída, marcada inicialmente para o dia 29 de março. Entretanto, esse adiamento não será necessário se o acordo de Theresa May for aprovado. Nesse caso, o Brexit acontecerá no dia 22 de maio.
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Entenda o caso
Em junho de 2016 o Reino Unido votou em um referendo para sair da União Europeia. O país era membro do bloco desde 1975. A intenção de sair foi notificada formalmente no dia 29 de março de 2017 para as autoridades de Bruxelas.
Segundo o Tratado de Lisboa, que define o funcionamento da UE, um país que decide sair tem dois anos para negociar os termos para deixar a União. Por isso, o Reino Unido tem até o dia 29 de março deste ano para alcançar um acordo com Bruxelas.
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Entretanto, há uma série de questões complexas que deixam esse processo turbulento. Entre elas, a questão da união alfandegária, da fronteira entre as Irlandas e o tratamento de cidadãos europeus no Reino Unido após o Brexit.
O Parlamento britânico rejeitou na última quarta-feira (13) a possibilidade de o Reino Unido realizar a saída da UE sem acordo em 29 de março. A premiê Theresa May considerava essa opção na sua lista de alternativas para o Brexit. Assim, o governo deverá pedir à União Europeia que a saída não ocorra mais no fim deste mês.
A votação ocorreu após uma primeira derrota de May no dia 15 de janeiro, por 432 votos contra e 202 a favor. A proposta de Brexit apresentada naquela ocasião pelo governo acabou na maior derrota parlamentar desde 1924.
Após o voto de janeiro, o Parlamento aprovou duas emendas ao projeto de Brexit. Em uma exigia que o “backstop” na fronteira com a Irlanda do Norte fosse substituído por “arranjos alternativos para evitar uma fronteira ‘dura'”. O segundo, rejeitava a saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo.
Outro problema foi a decisão da UE de rejeitar qualquer retomada das negociações. O bloco se recusou a discutir alterações ao que já havia sido acordado, e isso deixou o governo May sem alternativas.
O problema da fronteira entre as Irlandas é com certeza o maior problema do Brexit. O objetivo do governo britânico é evitar o retorno de uma fronteira física (chamada “dura”) entre a Irlanda (país membro da UE) e a província britânica da Irlanda do Norte (parte do Reino Unido). Uma necessidade fundamental para proteger o frágil Acordo de Paz de 1998.
Sem novo referendo
O Parlamento britânico votou contra um novo referendo sobre o Brexit. A proposta de um novo pleito estava em uma emenda rejeitada mais cedo, nesta quinta-feira (14) por Westminster.
Com 85 votos a favor e 334 contra, o texto chamado de “Emenda H” foi rejeitado pela Câmara dos Comuns. A emenda, apresentada pela deputada Sarah Wollaston, previa um adiamento do Brexit suficientemente longo para permitir a convocação de um novo referendo.
A emenda foi apresentada sobre a moção da primeira-ministra britânica, Theresa May, que prevê o adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Segundo os tratados europeus, Londres deverá deixar o bloco no dia 29 de março. Entretanto, o governo britânico quer mais tempo para negociar um acordo de saída.
A hipótese de um novo referendo foi rejeitada também graças a abstenção de massa do Partido Trabalhista. A esquerda britânica não é contrária a um novo pleito, mas se disse céptica sobre o calendário do eventual voto.
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Sem Brexit sem acordo
O Parlamento britânico rejeitou nesta quarta (13) a possibilidade de o Reino Unido realizar a saída da União Europeia, o Brexit, sem acordo em 29 de março.
A emenda apresentada por Caroline Spelman, que rejeita a possibilidade de uma saída do bloco sem acordo “a qualquer momento e sob qualquer circunstância” – o “no deal”, foi aprovada por 312 e 308 votos. A premiê Theresa May considerava essa opção na sua lista de alternativas para o Brexit.
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