A Braskem (BRKM5) informou, em conferência para investidores realizada nesta segunda-feira (1), que as provisões para o problema enfrentado pela companhia em Maceió (Alagoas) devem atingir R$ 10,1 bilhões.
Dentre o montante, apenas cerca de R$ 1,2 bilhão já foram consumidos. Outros R$ R$ 8,8 bilhões foram provisionados no quarto trimestre do ano passado, segundo informou a Braskem.
O fenômeno de afundamento do solo que afeta a cidade, causada após um terremoto que afetou a operação de 35 poços de extração de sal-gema, deve fazer com que o montante seja gasto nos próximos cinco anos.
“Essa é a totalidade que temos provisionado até agora e será desembolsado nos próximos cinco anos”, disse Pedro Freitas, CFO da Braskem, durante a apresentação.
Assim, de acordo com a companhia, os trabalhos para a recuperação do local devem consumir cerca de R$ 4,1 bilhões apenas neste ano. Já outros 4,8 bilhões deverão ser desembolsados entre entre o ano que vem e 2025. Ao todo, cerca de 9,2 mil famílias já foram realocadas.
O montante é maior do que a Braskem vinha anunciando. Conforme revelou o SUNO Notícias, havia uma desconfiança em relação ao tamanho do impacto que a empresa terá que arcar dado o problema e como isso poderia impactar o balanço da companhia.
“Ninguém tem certeza absoluta de quanto isso vai custar”, disse um analista do setor à época.
A extração de sal-gema não estava funcionando desde maio de 2019, depois que foi divulgado um laudo do Serviço Geológico (CPRM) que associou o afundamento do solo em três bairros da capital alagoana à atividade da petroquímica.
Agora, a empresa afirma que deve retomar “nos próximos dias” as operações da unidade de cloro e soda na cidade. “A intenção é retomar a operação da unidade de cloro-álcalis em alguns dias”, disse Marcelo Cerqueira, vice-presidente industrial da Braskem.
Enquanto a resolução do caso de Maceió não ocorre, os principais controladores Petrobras e Odebrecht ainda batem cabeça em relação a forma de como e quando vender o ativo.
Assim, a Braskem tenta tranquilizar o mercado para o ano que vem, os investidores ainda aguardam um desfecho. “Enquanto isso, os investidores só esperam”, disse uma fonte.
Braskem enfrenta pesadelo em Maceió
O problema da Braskem em Maceió começou há cerca de dois anos. No dia 3 de março de 2018, após fortes chuvas, moradores de alguns bairros de Maceió (AL) sentiram algo nada comum por lá: um tremor de terra se fez sentir na região. Em meio ao susto, houve corre corre e diversos moradores abandonaram suas casas.
A petroquímica realizava, perto dali, a extração de sal-gema em cerca de 35 poços, que retiravam matéria prima utilizada na fabricação de soda cáustica e PVC pela Braskem.
O solo passou a afundar e a empresa foi responsabilizada pelo ocorrido. Além de encerrar a operação no local após pressão das autoridades competentes, a Braskem teve que provisionar bilhões para remover moradores dos bairros que foram afetados em Maceió.
Assim, o que começou naquele tremor, acabou virando prejuízos recentes reportados pela Braskem. E, apesar de o problema se entender por quase dois anos, ainda não há uma sinalização de quando acabará.