A Braskem dará início, na próxima segunda-feira (9), ao processo que pode desfazer o nó que prende o futuro da companhia a partir do ano que vem.
Nesta data, a Braskem começará a desocupar cerca de 400 imóveis e 1,5 mil pessoas afetadas pela ação da companhia e que pode gerar bilhões em indenização. Um passivo que pode impactar na futura venda da empresa pelos atuais controladores: Petrobras e Odebrecht.
Esse nó em relação ao negócio está entrelaçado exatamente a questão da famílias afetadas pela operação de 35 poços de extração de sal-gema em Maceió (Alagoas) e que pode sair caro à companhia.
Com diversos processos judiciais em andamento, um desfecho positivo (e rápido) no caso pode fazer com que o processo de venda seja agilizado.
“Enquanto esse processo cheio de incertezas não for minimamente resolvido, a Braskem ainda é uma incógnita para diversos investidores”, declarou para o SUNO Notícias uma fonte com conhecimento do setor.
Segundo fontes ouvidas pelo SUNO Notícias, há uma desconfiança em relação ao tamanho do impacto que a empresa terá que arcar dado o problema e como isso poderia impactar o balanço da companhia.
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“Ninguém tem certeza absoluta de quanto isso vai custar”, disse um analista do setor. É exatamente por isso que o mercado espera que o desfecho de Maceió ajude a Braskem a voltar ao jogo.
A Odebrecht, por exemplo, já havia negociado a participação com a LyondellBasell, mas o negócio não foi para frente justamente por conta do passivo que pode ser gerado pela operação em Alagoas.
Alagoas terá plano de recuperação
A primeira parte desse procedimento de reparação de danos em Alagoas consistirá na visita de profissionais da área social, para o registro dos imóveis e seus moradores.
Uma “central do morador”, que irá prestar o serviço de informações para as famílias, será instalada em aproximadamente 15 dias. Além disso, a Braskem informou que está contratando psicólogos e assistentes sociais para darem suporte aos moradores.
Em meados de novembro, a empresa propôs à Agência Nacional de Mineração (ANM) o fechamento dos 35 poços utilizados na mineração de sal-gema em Maceió.
A extração de sal-gema não estava funcionando desde maio deste ano, depois que foi divulgado um laudo do Serviço Geológico (CPRM) que associou o afundamento do solo em três bairros da capital alagoana à atividade da petroquímica.
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A estimativa é que os acordos de Maceió sejam fechados durante o ano de 2020, abrindo caminho para que, finalmente, a empresa seja vendida a outro controlador.
Futuro da Braskem ainda é incerto
Enquanto a resolução do caso de Maceió não ocorre, os principais controladores Petrobras e Odebrecht ainda batem cabeça em relação a forma de como e quando vender o ativo.
“Nós lemos recentes notícias de que a Odebrecht, que controla a Braskem, propôs vender a companhia em 36 meses. Nós discordamos fortemente disso, nós queremos vender Braskem em, no máximo, 12 meses, para o mercado de capitais, transformando a empresa em uma ‘corporation’”, disse essa semana o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco ao jornal “Valor Econômico”.
Assim, a Braskem tenta tranquilizar o mercado para o ano que vem, os investidores ainda aguardam um desfecho. “Enquanto isso, os investidores só esperam”, disse uma fonte.