Venda da Braskem (BRKM5) volta a atrair grandes fundos e ações disparam 7%
Depois de muitas tentativas frustradas de encontrar um novo dono, a petroquímica Braskem (BRKM5) está novamente no mercado, tentando achar um comprador para suas operações globais. Com a notícia, os papéis da companhia sobem 6,5% na abertura de pregão desta quinta-feira (7). Fecharam em alta de 6,96%, a R$ 45,49.
Após a Braskem quase fechar negócio com a rival holandesa LyondellBasell em 2019 e de garantir a saída de seus principais sócios – Novonor (ex-Odebrecht) e Petrobras (PETR4) – via uma oferta de ações em Bolsa, a companhia voltou à ideia original de encontrar um comprador no mercado privado. E agora são os private equities (fundos que compram participações em empresas) o alvo preferencial.
A percepção de fontes que acompanham o negócio é de que não haverá um grande número de interessados por conta do tamanho do cheque estimado pela empresa, de cerca de R$ 40 bilhões.
Entre os nomes que estão analisando a transação estão fundos como Apollo, Starboard e Advent. O banco Morgan Stanley está assessorando a operação. As conversas com os fundos de private equity já começaram e devem ser anunciadas em breve.
Em 2019, a Odebrecht chegou perto de vender sua fatia na Braskem à LyondellBasell, mas a negociação foi suspensa devido ao aumento da insegurança jurídica em torno do grupo – um dos pivôs da Lava Jato – e outros imbróglios, como a dificuldade de se calcular os gastos com a reparação dos danos causados pela exploração de sal-gema pela petroquímica em Maceió.
Braskem enfrenta ‘problemas em série’
O processo de venda da Braskem é antigo, mas o formato da operação é complexo. Inicialmente, não estava claro se a Petrobras venderia sua fatia. E os potenciais interessados trouxeram a demanda de fatiamento da empresa.
No entanto, no fim do ano passado – com o mercado de renda variável em efervescência -, Novonor e Petrobras acertaram que a venda ocorreria via ofertas de ações. Um sindicato de bancos foi contratado para estruturar a transação.
A ideia seria fazer esse movimento aos poucos, por causa do tamanho da operação. Entre o planejamento e a execução da estratégia, no entanto, o mercado de ofertas se fechou – e as companhias foram obrigadas a voltar à estaca zero.
Para a antiga Odebrecht, a venda é um passo para seguir com seu plano de recuperação judicial, que envolve dívida de R$ 100 bilhões. Apesar do fracasso da operação na B3 (B3SA3), a Braskem quer ingressar no Novo Mercado – que tem mais exigências de governança corporativa – como forma de conquistar investidores.
Do lado da Petrobras, a venda em Bolsa ou para fundos privados muito capitalizados significa dar continuidade de saída de seus ativos não estratégicos. Das ações com direito a voto na Braskem, a Novonor detém 50,1% e a Petrobras, 47%. O restante está nas mãos de minoritários.
Após a divulgação da notícia na imprensa, a Braskem afirmou que “não é parte de eventuais discussões de seus Acionistas sobre a venda das suas participações acionárias detidas na Companhia, razão pela qual solicitou esclarecimentos aos seus Acionistas”.
Em anexo, inseriu os posicionamentos.
“Em atendimento ao questionamento abaixo, e na mesma linha de manifestações anteriores, a Novonor reitera que segue em andamento o processo de alienação de sua participação na Braskem, iniciado em cumprimento a compromissos assumidos com credores e oportunamente comunicado à Braskem”, diz a Novonor.
“No contexto desse processo, a Novonor está avaliando todas as alternativas estratégicas, mas, até o presente momento, não houve evolução material em qualquer alternativa e tampouco existem decisões tomadas”, conclui.
“Em relação à notícia veiculada na mídia, a Petróleo Brasileiro S.A – Petrobras reafirma que sua participação na Braskem faz parte da carteira de ativos à venda pela companhia, conforme divulgado no Plano Estratégico 2022-2026. A Petrobras informa que não está estruturando nenhuma operação de venda no mercado privado”, diz a Petrobras sobre a venda da Braskem.
Com Estadão Conteúdo