O Banco Safra retomou a cobertura da Braskem (BRKM5) com uma recomendação neutra e preço-alvo de R$ 27 por ação para os próximos 12 meses, o que implica um potencial de valorização de 18%.
Nesta quarta-feira (17), as ações da Braskem fecharam em queda de 2,09%, cotadas em R$ 22,44.
De acordo com as estimativas do Safra, a Braskem está sendo negociada atualmente a um múltiplo EV/EBITDA de 8,2x para 2024, acima de sua média de 5 anos de 5,7x e com um desconto de 19% em relação a seus pares, ficando abaixo do desconto histórico de 5 anos de 21%.
Sobre o risco envolvendo a Braskem em Alagoas, os analistas avaliam que o valor final do passivo relacionado ao evento no Estado ainda é incerto, pois as decisões judiciais finais sobre alguns dos processos ainda estão pendentes.
“As provisões atuais são baseadas em estimativas e premissas que podem ser alteradas no futuro devido a novos fatos e circunstâncias. Essa incerteza não apenas representa um risco de valuation, mas também pode atrasar a conclusão da venda da participação da Novonor na Braskem”, diz o Safra.
Além disso, o Safra vê uma maior produção de produtos à base de biomassa, como o polietileno (PE) verde ou o início da produção de polipropileno (PP) verde, fornecendo alguma proteção contra os ciclos petroquímicos, já que esses produtos tendem a ser precificados com base em custo mais.
Braskem: quais riscos e pontos positivos o Safra vê na empresa?
Segundo o Safra, os principais riscos para a tese de investimento incluem recuperação mais lenta do que o previsto nos spreads petroquímicos, incertezas sobre o valor final dos danos relacionados ao evento geológico de Alagoas e venda da participação da Novonor na Braskem, o que poderia levar a uma oferta aos acionistas minoritários (obrigatória ou voluntária) com prêmio sobre o preço de mercado.
Para uma mudança positiva de tese, o banco vê uma recuperação mais rápida do que o previsto nos spreads petroquímicos, o que teria um impacto positivo significativo na lucratividade e geração de caixa.
Empresa teve prejuízo líquido 8% menor no 4T23
A Braskem anotou prejuízo líquido de R$ 1,575 bilhão no quarto trimestre de 2023 (4T23), cifra 8% menor do que o prejuízo líquido de R$ 1,710 bilhão registrado no mesmo período do ano anterior.
A receita líquida de vendas da Braskem no 4T23 ficou em R$ 16,691 bilhões, queda de 12% na comparação anual e estável na base sequencial.
O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente da Braskem foi positivo em R$ 1,049 bilhão no 4T23, ante Ebitda recorrente negativo de R$ 168 milhões no 4T22, em função:
- Da priorização de vendas com maior valor agregado e otimização do mix vendas;
- Do crescimento de 3% no spread médio de resinas no Brasil;
- Do crescimento de 4% no spread médio de principais químicos no Brasil;
- Do crescimento de 10% no spread de PE no México;
- Da flexibilidade de compra de propeno nos Estados Unidos;
- Pela redução de cerca de R$ 72 milhões com despesas gerais e administrativas como resultado da implementação das iniciativas corporativas de redução de custo fixo.
O resultado da Braskem mostrou também que o resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 798 milhões, ante resultado negativo de R$ 384 milhões apurado em igual período de 2022.
O custo do produto vendido (CPV) da Braskem foi de R$ 15,683 bilhões no 4T23, diminuição de 18% frente aos R$ 19,068 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior.
O saldo da dívida bruta no 4T23 foi de US$ 8,7 bilhões, sendo 95% dos vencimentos concentrados no longo prazo e 5% no curto prazo. A dívida líquida, por sua vez, foi de US$ 5,1 bilhões e se manteve estável quando comparado com o 3T23.
Além disso, a Braskem investiu cerca de US$ 3,8 bilhões em 2023, 6% inferior à estimativa inicial de R$ 4,0 bilhões em função, principalmente, da otimização e priorização de investimentos.
Desempenho anual das ações da Braskem
Cotação BRKM5