Braskem (BRKM5): Lucro deve cair 75% em dois anos; BofA reduz preço-alvo
Os analistas do Bank of America (BofA) pioraram suas expectativas para a Braskem (BRKM5), cortando o preço-alvo das ações de R$ 80 para R$ 55 – ante R$ 33,70 de cotação atual. Apesar disso, a recomendação de compra foi mantida.
Vale lembrar que as ações da Braskem tiveram o melhor desempenho da bolsa em 2021, mas caem cerca de 40% no acumulado deste ano, acompanhando a tendência do Ibovespa.
A previsão é que a Braskem tenha um lucro de R$ 7,7 bilhões no acumulado de 2022, ante R$ 11,6 bilhões vistos em 2021.
Em 2023, o cenário deve ser ainda pior, com R$ 3,2 bilhões de lucro líquido. Em 2024, a projeção é de R$ 1,9 bilhão de lucro, totalizando queda de 75% ante 2022 e de 83% ante 2021.
“Os spreads petroquímicos estiveram sob pressão nos últimos meses e devem permanecer mais fracos do que o esperado anteriormente em 2022-2024”, diz o relatório do banco.
Segundo os analistas Frank McGann e Leonardo Marcondes, em 2022 os spreads de polietileno (PE) no Brasil devem atingir na média aproximadamente US$ 500 por tonelada. Esse preço significa uma baixa de 53% no comparativo anual.
Além disso, o prognóstico é de 33% de queda no PE do México, a US$ 1.028 por tonelada.
Já o polipropileno (PP) deve ter maior demanda no pós-pandemia devido a mudanças em hábitos de consumo nos setores de eletrodomésticos e automóveis. O aumento de demanda nestas áreas deve compensar a retração do crescimento econômico.
“Isso deve contribuir para preços de PP relativamente firmes, embora as margens devam ser menores do que os níveis observados nos últimos anos. Isso será especialmente verdadeiro para as operações brasileiras de nafta”, diz o relatório do BofA.
Ou seja, os spreads menores devem ser o principal trigger para uma folga menor nas altas das ações. O BofA cita que os preços do petróleo e do gás natural, que elevam os custos das matérias-primas da companhia – nafta e etano.
Além disso, pode ocorrer uma retração na demanda por conta do temor de recessão global.
O que pode atenuar o cenário é a taxa de utilização do México, em nível mais alto, com a maior disponibilidade de matéria-prima dos Estados Unidos e que as tendências de PVC também devem permanecer favoráveis.
BofA vê margens mais apertadas para a Braskem
Na sua revisão de cenário, o BofA prevê que a margem Ebitda seja de 15,2%, ante 24,7% na previsão anterior.
Já para 2023, a previsão é de 14,8%, enquanto a última previsão era de 21,1%.
Vale lembrar que mesmo com essa deterioração de cenário, a recomendação é de compra para os papéis da Braskem.