A Apollo Global desistiu de prosseguir junto com a Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc) no processo de aquisição da Braskem (BRKM5) após encontrar ‘portas fechadas’ na Petrobras (PETR4) e no governo brasileiro, segundo fontes informaram ao jornal Valor Econômico.
Segundo a publicação, neste momento, as tratativas têm sido conduzidas apenas pelos árabes, que já levaram uma proposta de formação de joint venture com a estatal, com participação de cerca de 50% cada. As conversas têm acontecido entre governos e o fato de a Adnoc também ser estatal é bem vista na Petrobras e em Brasília, disse o Valor.
Ainda de acordo com uma das fontes, a Apollo observava a petroquímica há pelo menos seis anos e segue interessada no ativo, mas comunicou seu desembarque à Adnoc, após ser vetada na operação. Segundo ela, foi a gestora americana que convidou a companhia dos Emirados Árabes a ingressar na transação.
Em junho, representantes da Apollo chegaram a ser recebidos junto com executivos pelo alto escalão do governo, incluindo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Entretanto, desde então, a gestora passou a encontrar dificuldades crescentes de interlocução, em particular com a Petrobras, sem que uma justificativa formal tenha sido apresentada, informou uma fonte.
Tanto a Petrobras quanto os bancos credores da Novonor, que detêm as ações de controle da Braskem em alienação fiduciária, já foram informados sobre a saída da Apollo, segundo as fontes – entre esses últimos, a notícia não foi bem recebida, afirmou uma delas.
De acordo com o Valor, a Unipar (UNIP6) e a J&F Investimentos, dos irmãos Batista, também apresentaram propostas pela petroquímica, mas a leitura é de que a Adnoc é a preferida pela Petrobras.
Braskem (BRKM5) fecha acordo com a Vitol para fornecimento de óleo de pirólise
A Braskem, através da subsidiária holandesa Braskem Netherlands B.V., assinou um contrato com a companhia de energia e commodities Vitol S.A. O acordo foi anunciado no início da semana passada pela manhã em comunicado aos acionistas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O acordo prevê a compra de matéria-prima circular da Vitol produzida pela Waste Plastic Upcycling (WPU), empresa com tecnologia própria para conversão de resíduos plásticos em matéria-prima.
A partir do contrato, a companhia holandesa de Roterdão, Vitol, passará a fornecer à Braskem B.V. óleo de pirólise produzido através do processo de reciclagem química das instalações da WPU na Dinamarca.
De acordo com o comunicado, o contrato faz parte do ecossistema Wenew da Braskem, conceito que representa e consolida os esforços da companhia na economia circular. “[O acordo] está alinhado à avenida de crescimento em reciclagem da Estratégia Corporativa da Braskem para 2030, que tem o objetivo de buscar alcançar 1 milhão de toneladas de resinas e produtos químicos com conteúdo reciclado até 2030”, diz o informe.
Ecossistema Wenew da Braskem (BRKM5)
A reciclagem química é um processo complementar à reciclagem mecânica tradicional que permite a recuperação de resíduos plásticos inadequados em transformação para matérias-primas valiosas para a indústria química, como uma alternativa às matérias-primas baseadas em combustíveis fósseis.
Para a Braskem, o acordo com a Vitol permite um aumento na circulação dos seus produtos globalmente e concretiza o ecossistema Wenew de economia circular em quatro pilares: produtos, educação, tecnologia e design circular.
A iniciativa tem um impacto significativo na estratégia de crescimento da empresa e no alcance das metas de redução de resíduos plásticos. Até 2030, a companhia planeja vender 1 milhão de toneladas de produtos com material reciclado e recuperar 1,5 milhão de toneladas de plástico do meio ambiente.
“A economia circular é um objetivo vinculado à estratégia de negócios da empresa. […] Acreditamos que a infraestrutura e a experiência da Vitol, combinadas com a tecnologia de reciclagem de resíduos plásticos da WPU, permitirão à Braskem dar um passo importante no desenvolvimento de soluções sustentáveis para nossos clientes”, afirmou Walmir Soller, vice-presidente de Olefinas e Poliolefinas da unidade Europe & Asia.