Os resultados operacionais da Braskem (BRKM5) vêm sendo impactados pela demanda reduzida da China, afirma o BTG Pactual. Para o banco, o último trimestre continuou a apresentar desafios para o setor, também em consequência do aumento na capacidade de produção global. Porém, após um ano de baixa acumuladas, hoje as ações da Braskem dispararam no Ibovespa.
Como resultado, durante o 2T23 da Braskem a empresa enfrentou uma queda nos volumes de 6,3% em relação ao trimestre anterior e 7,4% na comparação anual e nas margens, que permanecem em níveis baixos.
“Isso levou a uma queda de 82% em relação ao ano anterior e 34% em relação ao trimestre anterior no Ebitda, que ficou em R$ 703 milhões”, apontam os analistas.
Do lado positivo, de acordo com o BTG, o Fluxo de Caixa Livre (FCF) foi ligeiramente negativo, em R$ 27 milhões. Um dos fatores foi o sólido alívio do capital de giro, decorrente de melhorias no gerenciamento de estoques e fornecedores. “Esses passos destacam a capacidade da empresa de manter sua robusta liquidez, construída ao longo dos últimos anos.”
Com isso, os analistas mantêm a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 36,00 – o que animou o mercado.
Braskem: alavancagem preocupa investidores, diz BTG
Os índices de alavancagem líquida da Braskem (excluindo a Braskem Idesa) aumentaram para 8,5x (em relação a 4,1x no trimestre anterior), de acordo com o IFRS 16 e incorporando provisões de Alagoas e passivos de leniência, ela atingiu 11,9x (também excluindo a Braskem Idesa).
“Isso começa a gerar alguma preocupação em relação à classificação de crédito da empresa (como observado na recente mudança de perspectiva pela S&P hoje)”, explicam analistas.
Porém, o BTG acredita que os resultados e métricas do segundo trimestre de 2023 dificilmente vão desencadear um rebaixamento, visto que a maioria das agências de classificação de crédito adota uma metodologia de visão de médio prazo que atenua as penalidades de curto prazo em ambientes de desaceleração
“Além disso, a capacidade da Braskem de manter uma dinâmica de fluxo de caixa livre controlada, seu perfil de dívida estendido e uma dívida líquida relativamente estável são pontos fortes significativos a serem considerados”, pontua o BTG.
Com exemplo, o banco cita a liquidez acumulada ao longo dos anos de cerca de US$ 2,9 bilhões, com vencimentos financeiros totalizando US$ 838 milhões até o final de 2026. Apesar disso, analistas alertam que um período prolongado de margens de lucro deprimidas podem exercer pressões sobre as classificações.
Braskem: demanda e margem de lucros menores afetam o setor
Para o BTG, as margens de lucro da Braskem pressionadas dos produtos petroquímicos e a demanda enfraquecida do setor têm como fatores o início de novas plantas, especialmente no Oriente Médio, nos EUA e na China, que possuem custos de produção competitivos. “Notavelmente, esse aumento no fornecimento segue um período de sobrecarga conhecida no setor desde 2020.”
Outro ponto é a redução na demanda da China, um player-chave no setor. E os indicadores macroeconômicos a curto prazo não indicam reversão da situação.
“Em resposta, a administração da Braskem adotou uma estimativa de recuperação mais conservadora. Ao contrário do trimestre anterior e após um desempenho pouco animador em maio e junho, a administração prevê que os efeitos da capacidade adicional e da demanda fraca persistirão nos próximos trimestres”, diz o BTG.
Além disso, segundo a equipe do BTG, as incertezas em torno do cenário de margens de lucro e dos pagamentos relacionados a Alagoas os levam a uma postura cautelosa. “Atualmente, os títulos da Braskem com vencimento em 2033 estão sendo negociados a 7,7% de rendimento até o vencimento e 392 pontos-base acima da curva de referência, 130 pontos-base acima dos da Suzano (SUZB3) e 80 pontos-base acima dos da Petrobras (PETR4).”
Braskem reduz prejuízo no segundo trimestre em 45%
A Braskem anotou prejuízo líquido de R$ 771 milhões no segundo trimestre de de 2023 (2T23), representando uma baixa de 45% contra igual etapa do ano anterior, quando registrou perdas de R$ 1,406 bilhão.
O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente totalizou R$ 703 milhões no 2T23, baixa de 82% na base anual.
A receita líquida de vendas, por sua vez, caiu 30% ante igual etapa no ano anterior, para atuais R$ 17,7 bilhões.
O resultado da Braskem mostrou também que o resultado financeiro ficou positivo em R$ 161 milhões, ante resultado negativo de R$ 3,39 bilhões apurado em igual período de 2022.
O saldo da dívida bruta da Braskem no 2T23 fechou em US$ 8,9 bilhões, com 95% dos vencimentos sendo de longo prazo e 5% de longo prazo.
A dívida líquida ajustada, por sua vez, foi de US$ 4,6 bilhões, estável em relação ao trimestre imediatamente anterior.
Além disso, a Braskem investiu cerca de US$ 344 milhões (R$ 1,7 bilhão) no primeiro semestre deste ano. Para o total deste ano, a projeção é de que a empresa invista US$ 724 milhões (R$ 4,0 bilhões).
Segundo a administração, ao longo do segundo trimestre, o cenário de demanda global seguiu impactado em função, principalmente, por conta do:
- Menor nível de consumo global como resultado das elevadas taxas de juros e da pressão inflacionária persistente;
- Efeito da desestocagem da cadeia de transformação;
- Recuperação da atividade industrial da China abaixo das expectativas do mercado.
Nesse sentido, segundo a empresa, no segundo trimestre, a taxa de operação no Brasil foi inferior ao primeiro trimestre em função, principalmente, da retração da demanda no período e de instabilidades operacionais, que resultou na redução de 13% no volume de vendas totais de resinas e no volume de vendas de principais químicos no mercado brasileiro.
“No entanto, a taxa média de utilização do segmento Estados Unidos e Europa permaneceu em linha com o 1T23 e o volume de vendas aumentou 3%, influenciado pelo maior volume de vendas nos Estados Unidos”, disse a Braskem.
Cotação
No fechamento desta quinta-feira, as ações da Braskem ficaram entre as maiores altas do Ibovespa, subindo 6,84%.
Cotação BRKM5
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