Pela segunda vez na semana, a petroquímica Braskem (BRKM5) sofreu um rebaixamento de agências de classificação de risco.
Dessa vez, foi a Fitch que rebaixou a Braskem, reduzindo a nota de BBB- para BB+, a primeira nota do grau especulativo.
A mudança se dá em meio à crise da companhia em Maceió, além da alavancagem considerada relativamente alta.
O problema ambiental em Alagoas, aliás, tem relação direta com esse rebaixamento – dado que deve trazer implicações financeiras relevantes para a companhia.
“O rebaixamento e a Observação Negativa dos ratings refletem os crescentes riscos ambientais e as novas reivindicações, de R$ 1 bilhão, associadas ao potencial colapso de uma mina de sal no contexto do evento geológico em Alagoas, que podem impactar negativamente o perfil do fluxo de caixa da empresa”, diz a agência.
“A Fitch acredita que o fluxo de caixa livre (FCF) ficará negativo por um período mais longo do que o esperado, enquanto a empresa permanece exposta a uma prolongada desaceleração no setor petroquímico, o que resultou em significativo aumento da dívida líquida“, segue.
Nesse mesmo sentido, a Fitch rebaixou vários scores de relevância de ESG da empresa, devido ao incidente, incorporando o aumento de impactos ambientais e sociais que podem resultar em custos de reparação e multas.
“O evento geológico poderá ser um catalisador de deterioração financeira, aumentando o passivo da Braskem, uma vez que o número de processos envolvendo a empresa pode aumentar no futuro”, observa a Fitch.
“Nas últimas duas semanas, o governo do estado ajuizou uma ação de R$ 1 bilhão, ainda a ser julgada, e uma multa de R$ 72 milhões foi aplicada por uma agência reguladora. Além disso, o município de Maceió anunciou a vontade de revisar o acordo de R$ 1,7 bilhão fechado em julho deste ano, o que depende da anuência da Braskem”, segue.
A agência ainda acrescenta que Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) está sendo instalada no Senado, que tem somente poder de recomendar ações e remediações e não de aplicar multas ou penalidades.
“A Fitch acredita que os casos podem impactar negativamente o FCF da empresa, de forma mais intensa do que o previsto anteriormente”.
Desempenho das ações da Braskem
Nos últimos 30 dias, em meio ao agravamento da crise em Maceió, as ações da Braskem despencam 13% no Ibovespa.
No acumulado de 2023, a Braskem recua 26% no Ibovespa.