O Brasil pode não ser capaz de evitar uma recessão no primeiro semestre deste ano, segundo os economistas do J.P. Morgan. Para eles, a condição da economia dependerá da velocidade com que a pandemia do coronavírus (Covid-19) avance no País.
Segundo a instituição financeira norte-americana, o choque causado pelo avanço da doença oriunda da China tem afetado os mercados mais do que em outro momento. Além disso, as condições financeiras mais rígidas devem ter uma maior influência sobre o crescimento econômico do Brasil, o que poderia levar a uma recessão.
O J.P. Morgan, inclusive, não crê mais que o Banco Central (BC) tenha mais espaço para mexer na política monetária no curto prazo. Atualmente, o banco diz que espera que novos cortes na taxa básica de juros (Selic) “apenas quando a tempestade tiver passado”.
“Acreditamos, agora, que o Banco Central não tem mais espaço para ser preventivo e deve adiar a flexibilização monetária até ter mais visibilidade sobre a direção da política fiscal e da estabilização do câmbio e de outras variáveis financeiras”.
Por meio de um relatório enviado a clientes, os economistas Cassiana Fernandez, Cristiano Souza e Vinicius Moreira também alertaram sobre fatores externos ao coronavírus, tratando-se da votação no Congresso na última quarta-feira (11), que derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro no Projeto de Lei 3.055/97.
De acordo com os economistas do banco, a decisão dos parlamentares brasileiros “indica o risco de violar o teto de gastos e limita ainda mais a capacidade do governo de amortecer a economia”.
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A equipe da instituição financeira informa, ainda, que existe a possibilidade do País entrar em uma “espiral recessiva” ao passo que o vírus se espalha. “Os últimos dias mostram que as condições financeiras no Brasil podem ter se apertado significativamente, mesmo antes de uma possível expansão significativa do novo coronavírus no país”, escreveram os economistas.
Esse cenário indicado pelos especialistas ocorre após revisões nas projeções de crescimento econômico e, segundo eles, “está claro” o risco de um crescimento ainda mais baixo em 2020, com uma chance de recessão no primeiro semestre. Atualmente, o J.P. Morgan estima um crescimento de 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano.