Brasil terá um dos perfis fiscais mais fracos da América Latina, diz Moody’s
A agência de classificação de risco Moody’s divulgou nesta terça-feira (1) um relatório sobre os perfis fiscais dos países da América Latina. Segundo a empresa, o rating do Brasil continuará fraco.
De acordo com a Moody’s, grande parte dos países latino-americanos terá ‘deterioração modesta’ em seus ratings em 2020. No entanto, o Brasil, a Argentina e a Costa Rica devem apresentar as notas de risco mais fracas entre as nações da região.
“Embora existam diferenças regionais significativas, a tendência geral implica que os ratings soberanos latino-americanos tenham menos espaço fiscal para absorver choques, uma condição que poderia afetar materialmente os perfis de crédito em alguns casos”, afirmou o vice-presidente da Moody’s, David Rogovic.
A agência informou que o aumento das dívidas e seus altos custos são fatores que prejudicaram a classificação dos três países com as piores estimativas de classificação. No caso do Brasil, as aprovações das reformas da Previdência e tributária poderiam contribuir para enfrentar os desequilíbrios fiscais.
“A evolução dos perfis fiscais dependerá de fatores como crescimento, taxas de juros, taxa de câmbio e medidas políticas para lidar com os desequilíbrios fiscais”, informou a agência.
Argentina e Costa Rica
No caso da Argentina, a agência informou que as incertezas políticas econômicas do próximo governo afetarão a classificação no próximo ano. Segundo a Moody’s, o perfil fiscal argentino é altamente vulnerável a choques.
Já a Costa Rica está sendo prejudicada, principalmente, por conta do aumento da dívida. “Déficits fiscais persistentes levarão a um aumento constante do ônus da dívida, com o risco de derrapagem fiscal exacerbando os riscos de liquidez do governo”, explicou a agência no relatório.
Outros países da América Latina
A agência informou que o Peru, o Chile, o Paraguai e o México são os quatro países que deverão apresentar os melhores perfis fiscais no próximo ano.
Os resultados positivos refletem ‘pontos de partida melhores’ tomados por esses países. Além disso, a expectativa de aumento para as métricas de dívida dessas nações estão moderadas, o que contribui para boas notas de risco.
Grau de investimento no Brasil
Na última semana, a Moody’s informou que informou que o corte da taxa básica de juros (Selic) não representa retomada forte da economia do Brasil.
De acordo com a vice-presidente e analista sênior da Moody’s, Samar Maziad, os juros mais baixos impactarão apenas na demanda e nos investimentos. Portanto, o desenvolvimento do País nos últimos meses, como também o corte na taxa básica e o desdobramento de reformas não melhoram a nota de crédito.
“A aprovação da reforma da Previdência não é um gatilho para [elevar] o rating. O cenário-base para manter o rating atual é ter sustentabilidade fiscal”, afirmou Maziad sobre o cenário econômico do Brasil.